terça-feira, 13 de setembro de 2011

o caminho mais longo



caríssima(o),

diz-se que o percurso mais curto entre dois pontos é uma recta. já Bernoulli demonstrou comprovadamente que a braquistócrona é a trajectória que é percorrida no menor tempo possível, obtido se a bola percorrer uma linha em forma de ciclóide. estes dois princípios estão umbilical e matematicamente relacionados com o que se passou esta noite no Estádio do Dragão, para o primeiro jogo da era de Vítor Pereira em estreia absoluta na fase de grupos da Liga dos Campeões. explico.
o nosso FC Porto demorou a encontrar o caminho da vitória, e quando o fez foi à custa de dois lances onde o esférico descreveu as formas geométricas que evidenciam aqueles princípios - quer no incrível livre de Hulk, quer na soberba assistência de James para Kléber.

sabendo que jogava em casa, perante o seu público e ante um adversário valoroso - relembrem-se os embates ante o SC Braga, na época passada, nesta mesma fase da Champions - o conjunto portista decidiu complicar o que já era difícil. e não me refiro ao lance de infelicidade do nosso Incrível, pois só falha as grandes penalidades quem tem a coragem para as marcar. estou a recordar-me de alguns passes transviados no meio-campo que proporcionaram alguns contra-ataques perigosos do Shakhtar, um dos quais foi aproveitado pelo "ucraniano" Luiz Adriano num lance muito feliz. e também de algumas descompensações defensivas que propiciaram autênticas "avenidas" no Dragão, principalmente depois de alcançada a reviravolta no marcador. e igualmente do nervosismo latente na equipa quando se pedia união de forças e conjugação de esforços num único sentido: garantir uma preciosa vitória.
com o que acabei de escrever não quero sugerir que estou a "cuspir no prato" e/ou a retirar mérito a quem de (pleno e merecido) direito; apenas refiro três situações que convém melhorar num futuro muito próximo e por muito que o nosso mister afirme que «o meu conceito de jogo é colectivo, não é sectorial». meu caro Vítor, na Champions não há margem para erros e estes pagam-se (literalmente) muito caro, pelos vários milhões de euros que deixam de entrar nos nossos cofres.

é que (de todo!) não havia necessidade para tanto sofrimento nos últimos quinze minutos da partida.
e aqui penso que as entradas dos alas Djalma e Varela foram despropositadas: se compreendo o desgaste físico de Hulk, pelo que a sua substituição foi justificada, aceitaria muito melhor que esta rendição fosse por um Cebola Rodríguez, por exemplo; sempre manteríamos a posse da redondinha por mais tempo e com maior qualidade. também seria de considerar uma troca directa de Fernando por Souza. é que a entrada em jogo daqueles alas revelou, uma vez mais, o que já o referi noutros posts: Djalma não é jogador para a equipa principal do FC Porto e Varela não está nas melhores condições físicas. para além de que proporcionaram algum equilíbrio no desenrolar da partida quando a formação ucraniana estava reduzida a nove elementos...

por outro lado, Defour revela-se um jogador top! é verdade que falhou dois lances na "cara do golo" (provavelmente concretizáveis com um "matador" em campo), mas a qualidade do seu futebol enquanto médio não engana. e o entendimento com João Moutinho - hoje (como sempre!) um poço de energia, um verdadeiro dínamo - só não surpreende alguns "lobos" armados em comentadores desportivos. é de louvar que, ao terceiro encontro, o belga transpareça uma segurança tal no meio-campo portista como se já jogasse entre nós bem mais do que há... dois meses!

também a estreia de Otamendi na competição de clubes mais importante da (e na) Europa foi bastante meritória. é indiscutivelmente um central de classe e que demonstra que não necessita de muitos centímetros para ser imperial nas alturas. foi o esteio da nossa defesa e quando esta mais dele necessitou, suprindo algumas falhas do seu companheiro. é que, com a raça que lhe reconheço, sei que nunca ficaria a assistir impávido ao golo do Shakhtar, qual Maicon; no mínimo tentaria impedir que o "ucraniano" com sotaque brasileiro chegasse à bola.

ainda nos meus destaques individuais, uma palavra singela para Kléber: parabéns!, miúdo! ;)

para finalizar, o porquê de considerar que Vítor Pereira começa a ter tanto (ou ainda mais) charme como o seu antecessor:

«
pergunta: como reagiria se fosse Lucescu e visse dois jogadores seus expulsos? Ainda acreditava num empate?
Vítor Pereira: Ficaria da mesma forma que me senti contra o FC Barcelona: também fiquei sem dois jogadores e tivemos de dar uma resposta com carácter e dignidade. Foi o que o Shakhtar fez aqui hoje. Mas coube-nos marcar os ritmos do jogo e não permitir que eles pudessem marcar num lance fortuito ou numa bola parada.
»

ps: os negritos e os sublinhados são da minha responsabilidade.

beijinhos e abraços (tranquilos)!
e Muito Obrigado! pela tua visita :)

5 comentários:

  1. Bom dia Miguel,

    Tal como se previa ontem tivemos um jogo complicado, perante um adversário valoroso, que se tem vindo a afirmar na Europa.

    O jogo iniciou dividido até que o FC Porto ganha a grande penalidade que Hulk não converte.
    Para complicar ainda mais, Helton tem aquela infelicidade, e sofremos o golo.

    Os adeptos de imediato reagem, empurrando a equipa para a frente, e é com naturalidade que chegamos ao empate, naquele golo de apologia do Hulk. Grande míssil!

    Após a expulsão ainda na primeira parte do central da equipa ucraniana, as coisas complicaram-se para nós, embora se possa muitas vezes pensar que contra 10 é mais fácil.

    Os ucranianos encostaram o bloco defensivo, e exploravam o contra-ataque através de Wiliam e Luiz Adriano. É neste típico jogo que o Shahktar é perigoso.

    Todavia o FC Porto continuou a carregar, e sempre que acelerava no último terço, vinham à tona as fragilidades defensivas do Shahktar.

    Foi então que o melhor em campo - James, saca um coelho da cartola, e num lance de magia senta o defensor adversário e assiste Kléber para o golo da vitória.

    Até à expulsão do outro central do Shaktar, foi uma fase complicada do desafio.
    Nós não conseguíamos marcar o terceiro golo, e alguns dos nossos jogadores já estavam desgastados, como é o caso de Hulk, e tiveram de ser substituídos.

    Com o resultado pela margem mínima, o Shahktar revela-se sempre perigoso, daí alguma prudência atacante.

    Depois da expulsão do outro central, os ucranianos abandonaram a disputa do resultado, e até final foi o gerir do tempo.

    Grande apoio do público, muito importante no empurrar da equipa, depois de um penalti falhado e de um erro de Helton.


    O FC Porto está no patamar das melhores equipas da Europa, e ontem sentia-se que ganharíamos o jogo com maior ou menor dificuldade, apesar dos ucranianos terem uma excelente equipa.

    Estamos de volta ao nosso lugar, e acredito no apuramento para a fase seguinte.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.com

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  2. Penso que... o FC Porto tem em falta um pormenor que quando, e se, for corrigido fará dele um dos melhores clubes do mundo a jogar futebol, ao nível do Barça. Aliás, é a diferença para o jogo do Barça que eu acho que falta: o não parar de trocar a bola até ela morar na baliza. Chegam à grande área e lá vai chuto, 90% por das vezes nem no rectângulo objectivo acertam.
    Quando a certa altura Moutinho e Hulk entraram pela área adversária adentro em trocas consecutivas eu pensei: a partir de agora vão-se ver mais destas jogadas e uma delas vai dar golo... erro meu, nem mais uma única dessas jogadas se viu e com grande pena minha pois acredito que é esse o único pormenor que falta, o levar a bola em passes curtos por entre os adversários até à morada final, para que o FC Porto fique perfeito.

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  3. Parecia o melhor começo possível, mas o penalty falhado e o erro do Helton levaram-nos à desvantagem no marcador.

    Apesar de tudo, conseguimos recuperar (a confiança?) e o nível de jogo a pouco e pouco e não demorou a surgir resposta, com um excelente golo do Hulk. O resto foi... Magia! James Rodríguez é craque, e a continuar assim não deverá - infelizmente - ficar muito mais tempo no Dragão.

    No final dos 90' minutos acabámos por conseguir a vitória, depois dum período em que sofremos por não estarmos a ganhar por mais.

    Foi, afinal de contas, um bom resultado, e o que interessa são os três pontos!

    Um abraço

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  4. Felizmente correu bem, com a equipa a mostrar ter já assimilado a mística clubista e a postura de saber estar nas grandes competições. Faltou apenas o 3º golo para tranquilizar a malta, mas como mais vale um pássaro na mão... também está bem assim. Aliás está muito bem, tendo acabado bem.

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  5. caríssimos,

    muito obrigado! pelas vossas palavras e pelos vossos comentários. ;)

    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)

    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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