quinta-feira, 29 de setembro de 2011

da nova questão do ponta-de-lança


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O ponta-de-lança passou à história [...]

José Manuel Ribeiro | 2011-09-20

Mais do que uma fraca conjuntura de lesões e contrariedades, podemos ter visto anteontem à tarde [Domingo, 18 de Setembro], no relvado de Aveiro, um trabalho de casa ideológico de Vítor Pereira que pode ser um "três em um", porque explica: (i) não só o jogo Feirense-FC Porto, como (ii) a indiferença para com Walter e ainda (iii) o aparente pouco empenho na procura de um substituto para Falcao.
A versão resumida é esta: o Futebol começou por ter só atacantes e evolui lentamente para se jogar sem nenhum. Uma profecia de Carlos Alberto Parreira, já quase com uma década, e que encontra, na actual epopeia do FC Barcelona, uma aparente "carta branca para experimentalismos". Se calhar, perigosos, porque convenhamos que há uma ou duas diferenças pequeninas.

Quando, durante uma conferência internacional no Brasil, o antigo seleccionador campeão do mundo profetizou o 4x6x0 como «o sistema táctico do Futuro», ninguém terá imaginado uma equipa como o FC Barcelona. Um onze italiano cheio de médios defensivos encaixava melhor na linha de pensamento maioritária, ainda hoje absolutamente convencida de que, no seu fim, estarão a degradação do espectáculo e o declínio. Mas os "sinais" já eram bastante claros.
Há oito anos, os chamados "jogadores híbridos" [como um Xavi ou um Moutinho] já ganhavam a guerra com os pontas-de-lança clássicos e a evolução técnica, mais o desaparecimento da posição "dez" - mas não o eclipsar dos jogadores com essas características -, desviava, ora para o meio-campo, ora para o ataque, muita gente com demasiada habilidade para ficar enclausurada numa função posicional. Saíam a perder, claro, os avançados e os médios com menos recursos.

O primeiro grande exemplo desta "nova era" foi o Manchester United FC "de" Alex Ferguson em 2008: campeão europeu sem ponta-de-lança ou com o chamado "falso nove" (Carlitos Tévez), que partia do centro, mas descia muito no campo, até à linha dos médios, rasgando espaço para Rooney, vindo da direita, e Cristiano Ronaldo, arrancando da esquerda.
Houve outros casos, como o AS Roma "de" Totti ou o Arsenal "de" Wenger, onde também o holandês Van Persie é um ponta-de-lança ausente. No entanto, nenhum com êxito substancial, muito menos comparável ao do FC Barcelona pós-Ibrahimovic: terá sido esse fracasso a precipitar a revolução, e que transformou David Villa num ala-esquerdo para pôr toda a faixa central do campo à disposição de Messi; na prática, se quisermos, seis médios, todos trabalhando na marcação. E atacando também.

Por improviso ou estratégia pensada, foi um sucedâneo muito "rudimentar" disto que se viu no Estádio Municipal de Aveiro a partir do momento em que Vítor Pereira juntou no campo Moutinho, Guarín, Belluschi e Defour, mais James recuado, a lembrar eventualmente o posicionamento de Messi, e um extremo-direito encarregado de relampejar na área. Kléber "desapareceu" ao intervalo, e Walter não saltou do banco, de onde nunca sai em situações de crise - circunstância, aliás, que também se verificava com André Villas-Boas. Tal como o jogo acabou, é difícil perceber os méritos da ideia porque nenhum tipo de lógica nem organização resistiu.
A teoria do "falso nove" - seja Messi, Tévez ou Van Persie -, é que a sua movimentação cria um dilema ao adversário: ou um dos centrais o acompanha quando ele foge da área, (criando atrás de si um espaço para explorar), ou gera superioridade numérica no meio-campo. Em Aveiro, não ficou evidente que essa figura, o "falso nove", tenha tomado o lugar de Kléber, apesar do número de ocasiões em que os médios do FC Porto romperam a barreira. O sucesso do falso nove sofre ainda do grave inconveniente de depender da qualidade dos critérios desse jogador.
No andebol, modalidade em que é mais simples entender o problema, há cinco jogadores exteriores e o pivô, o qual se encontra "encaixado" entre os defesas adversários; exceptuando-se os casos de marcações individuais e/ou expulsões, nunca nenhum treinador revolucionário encontrou vantagens em puxar o pivô para o jogo exterior, porque tal só conseguiria criar um "engarrafamento", perdendo, em contrapartida, o único elemento que obrigava o adversário a dividir atenções e a pensar duas vezes antes de sair à linha de nove metros.
Abdicar do ponta-de-lança também pode significar abrir mão de alguns bons recursos, como o jogo aéreo, ou diminuir a capacidade de resposta aos cruzamentos, sobretudo quando não sobra ninguém com essas características.
No exemplo do Manchester United FC, tanto Rooney como Ronaldo davam garantias; no FC Barcelona, para além dos anos de treino "em família" da maioria dos jogadores (o que não está ao alcance de nenhuma das equipas acólitas), David Villa é um ponta-de-lança completo; no FC Porto de anteontem, Rodríguez, substituído, era o último cabeceador.
A ideia de que os avançados podem ser um grupo homogéneo e indiferenciável seduz e enquadra-se bem naquilo que os treinadores modernos parecem procurar, e será o futuro com toda a certeza. Mas deve aceitar-se como duvidoso que se consiga sem os jogadores certos ou, pelo menos, sem os trabalhar bem mais do que dois meses e meio. Em qualquer dos casos, é um desafio e peras. 
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fonte: ojogo.pt
ps: os negritos, os sublinhados, as "aspas" e os itálicos são da minha responsabilidade.


... como se já não bastassem tais desastrosas inBenções, para ajudar à missa acabámos de perder o Kléber (por, pelo menos duas semanas e fora o tempo de recuperação) e temos o Walter (com dezasseis minutos oficiais de competição).
não há mais ninguém no actual plantel para a posição de "matador"!!!

sugestão (assim não tão parva como à partida poderá parecer):
e que tal colocar um júnior - não refiro nomes - a treinar com regularidade com o plantel sénior?

1 comentário:

  1. Boa tarde Miguel,

    Com a lesão de Kléber o FC Porto viu-se sem soluções de banco para o centro do ataque, questão que tem sido alvo de discussão entre nós portistas.
    É incompreensível o FC Porto atacar a Champions só com um avançado que foi contratado para ser alternativa a Falcao.
    Esta questão do ponta de lança tem de ser corrigida em Janeiro, para atacarmos a segunda fase da competição.
    Há que decidir se contam com Walter, e se Iturbe joga ou não joga!


    Abraço

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.com

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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