sexta-feira, 14 de junho de 2013

carta aberta a Miguel Sousa Tavares


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caríssimo Miguel Sousa Tavares,


não me conhece pessoalmente, nem eu a si. mas vejo-o sempre que posso, às Segundas-feiras, na estação de Carnaxide, para o seu habitual comentário político. e leio-o sempre que o "ar" não é demasiado na minha carteira e o "tempo" assim o permite - tendo orgulhosamente, na estante lá de casa, todos os títulos das obras que publicou, os quais, amiúde, vou revisitando. e, "religiosamente", de há uns seis anos para cá, também (como que) devoro as suas NORTADAS, nas edições impressas do pasquim da Travessa da Queimada.

se estas inconfidências nos tornam mais "próximos"? duvido. mas é inegável uma relação entre nós, comigo como seu fiel leitor.

portanto, permita-me que me apresente.

o meu nome é Miguel Lima e sou um fervoroso adepto do Futebol Clube do Porto.
na defesa intransigente dos interesses do meu clube do coração desde que me conheço (pertenço à colheita de 1975...), sou administrador de um blogue afecto a tal causa, desde Julho de 2008, o qual já vai na sua segunda edição e que possui um razoável número de visitas diárias (cerca de meio milhar por dia). é um número que em nada se compara, por exemplo, a outros sítios de referência nesse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera, mas que me deixam muito orgulhoso e com essa vontade (quase) diária de comunicar o que me vai na alma sobre o quotidiano azul-e-branco.

serve a presente missiva para lhe dar conta da minha mais recente decisão, a nível da leitura do pasquim atrás referido, a qual "colide" com um desgosto ainda maior e que tão cedo não esquecerei e no qual o sr. está envolvido, sendo um dos seus principais responsáveis. explico.

há cerca de três semanas que venho matutando e amadurecendo a ideia firme de deixar de ler as edições impressas do pasquim da Travessa da Queimada. o motivo principal prende-se sobretudo com os múltiplos atropelos jornalísticos de pura, total e (in)conveniente dualidade de critérios editoriais patentes (porque latentes) na redacção liderada pelo "belenense" do sr. vítor serpa - o qual é tão "belenense" quanto eu. aliás, a época desportiva que findou servirá (pelo menos, para mim) de exemplo máximo daquelas gritantes diferenças editoriais.

é certo e sabido que a (outrora) «bíblia do desporto» sempre teve uma cor predominante e que esta nunca foi o azul-e-branco.

também é do conhecimento público que um portista confesso, ao ler as edições do pasquim em causa, tem uma certa semelhança com um adepto lampião a (in)tentar ler a revista "Dragões" à procura de novidades da agremiação de Carnide - com a agravante, para o nosso lado, de as úlceras serem em maior número, tal o nervoso que causa a leitura de alguns (para não escrever a sua esmagadora maioria...) dos artigos de opinião e/ou peças jornalísticas que por lá se publicam.
e também é notório que a perda do título de Campeão Nacional de Futebol da primeira divisão, na época 2012/2013, doeu muito lá para aqueles lados - e não só, mas também -, pelo que os elogios (brevíssimos!) imediatos à nossa conquista foram rapidamente substituídos por cobardes ataques ao bom-nome, à honorabilidade e aos prestígio do nosso clube do coração e com os quais não posso pactuar.
assim se justifica a minha decisão em deixar de ler as edições impressas do pasquim em causa, pois que não irei contribuir com mais um cêntimo que seja para ler quem ganha dinheiro a vilipendiar o que muitas alegrais me traz em tempos de severa austeridade: os feitos desportivos do Futebol Clube do Porto!

para esta minha decisão também contribuiu um desgosto que partiu de onde menos esperava, i.e., da publicação de um artigo de opinião, da sua autoria, a 09 de Abril, sob o título "passadeira vermelha", e onde, a páginas tantas, me foi permitido ler o que a seguir se destaca nas caixas de texto a negrito:



© pasquim da Travessa da Queimada
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confesso-lhe que foi um violento murro no meu estômago e certamente de muitos portistas, no sentido em que, sabendo-se do "peso" e da influência da sua coluna de opinião, não só no universo portista, mas sobretudo nas hostes (ilegais) d"clube do mito urbano dos «oito milhões e meio...» por Roberto", o seu atirar a toalha ao chão foi um rude golpe e um enorme revés nas esperanças de muitos de nós.
mais: fê-lo de forma convicta e com a intenção verdadeira de elogiar (a destempo) o nosso arqui-rival, como veio a «injusta» Realidade a contrariar a sua mais firme convicção, exposta no último parágrafo do texto em análise.

pacientemente impaciente com o desfecho da época desportiva finda, aguardei também por uma sua retratação. debalde. a NORTADA que se seguiu à conquista efectiva do título de campeão nacional - e que culminou na obtenção do terceiro tricampeonato da nossa história -, com o título "o fim-de-semana perfeito", foi um hino de louvores a três feitos desportivos alcançados em três modalidades onde o nosso clube está envolvido, inclusive no futebol.

e, neste último caso, há que o referir: o feito alcançado por Vítor Pereira, pela sua equipe técnica e pelo plantel à sua disposição não pode, de todo!, ser partilhado por si, que, desde a primeira hora, foi das vozes mais críticas ao seu comando, ao ponto de, naquele escrito, se ter permitido afirmar:

© pasquim da Travessa da Queimada
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ou seja: para o sr. não houve mesmo mérito na nossa equipa do coração ter «acarditado» sempre, até ao fim, que o clube que iria visitar o nosso reduto na penúltima jornada pudesse escorregar; que não houve mérito em termos sido os mais regulares do campeonato (concedendo apenas seis empates em trinta jornadas!!!); que, conhecendo-se todas as vicissitudes desta época (mormente os constrangimentos financeiros do clube, em total contraste com o "poço de petróleo" que parece haver lá para os lados de Carnide), não houve mérito em (con)viver com elas e saber levá-las de vencida...

não sr.!

para quem «o título que ninguém contava foi perdido pelo 5lb, muito mais do que conquistado por nós», nem uma palavra humilde de reconhecimento pelo texto precipitado de 09 de Abril...  
ao invés, houve a apologia de um «nós» onde sinceramente o sr. não cabe, pelo "simples" facto de que foi mais um descrente compulsivo, e que passou toda uma época a "malhar" nos seus elos (tidos por) mais fracos e de eleição. logo, palavras como as que abaixo se destacam, não cabem no que considero ser um apoio indefectível, e mais (re)lembram aqueles adeptos que «apenas e só» comparecem no Estádio em dias de festa; nos restantes, ao longo do ano e quando a equipa mais deles necessita, preferem o conforto do sofá e/ou a presença do seu irritante assobio:

© pasquim da Travessa da Queimada
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portanto e desculpe-me por tal, mas sem querer ferir e/ou colocar em causa o seu portismo, é contra tendências de visão (demasiado) curtas, em termos de apoio ao nosso clube do coração, comperspectivas pelo "copo meio vazio", que eu me insurjo lá no meu estaminé.
e, no caso das NORTADAS que assina, o caso é "mais grave" tendo em linha de conta o facto de as mesmas serem lidas por números manifesta e infinitamente superiores a muitos dos locais (para mim) de referência nesse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera.


para finalizar este meu desabafo, e porque tenho a consciência de que, para o sr. e como escreveu «o Futebol não vai além da esquina da Vida» -, e que, neste "rectângulo à beira-mar (im)plantado"®, há situações bem mais prementes do que o seu quotidiano futebolístico, informo-o de que só tomei a decisão de lhe enviar esta missiva na presente data por forma a que "a poeira assentasse" e o meu desgosto amenizasse.
depois, e como facilmente se constata, para mim, dos temas fúteis da minha existência, o Futebol é a sua Essência, no qual o nosso Futebol Clube do Porto ocupa o devido destaque. assim sendo, lastimo que, no pasquim onde o sr. assina aquela coluna de opinião e o nosso FC Porto não enche de orgulho a sua redacção (antes pelo contrário), sendo infelizmente alvo de muita inveja (daquela dita «gloriosa» e que consta em "Os Lusíadas", no último verso, da última estrofe, da última quadra, do último canto), o sr. prefira a facilidade da crítica destrutiva.
lanço-lhe, pois, o seguinte desafio para a nova época que se avizinha:
que, nos seus escritos, seja capaz de optar por um apoio pela positiva, o qual inclui (por exemplo e no meu entender), apelar à união em torno do grupo, incentivar os jogadores que envergam o nosso manto sagrado, apoiar as decisões do novo treinador, perceber as suas motivações, não enveredar pelo caminho da crítica pela crítica e, sempre que o fizer, apontar sugestões para o que considera estar errado.

«acardito» que, se o conseguir fazer, ganhará ainda mais leitores, defenderá ainda mais a(s) causa(s) do nosso clube e fá-lo-á em prol desse Amor comum:

o Futebol Clube do Porto!


com os melhores cumprimentos,

Miguel Lima | penta1975




ps:


esta missiva seguiu para o destinatário, no dia de hoje (2013-06-14)
via CTT, em carta registada com aviso de recepção.




9 comentários:

  1. De entre tudo o que MST foi escrevendo ao longo da época nos dois exemplos citados louve-se a coerência de manter a 'injustiça' do título de futebol (ainda assim celebrado).

    Mais problemático é haver um "Show de Bola" e passadas 2 semanas Vítor Pereira já erra tudo. O que mudou, e que MST não (quer?) vê(r), foram os jogadores disponíveis. Só que, a troco da validação de uma teoria, muito própria, que postula que VP é incompetente, se ignoram os factos que determinam o resultado e MST vai alegremente 'slippery slope' abaixo não esquecendo nunca a 'lomba' Varela...

    Este entre tantos exemplos. O que tu -se me permites a ousadia :) - fazes merecedor de ovação de pé (o resto só leva aplausos) é o desafio final. Tenho dúvidas, mas 'acardito', que possam existir mudanças. Não sei se pelo desafio lançado mas por termos novo treinador. Esse engulho pelo menos já está resolvido para MST.

    Abraço e bem vindo, folgo ver que a pausa deu para recarregar (e de que maneira!) as energias. :)

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  2. Parabéns!
    Belo texto...
    100% de acordo!

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  3. Boa Miguel, esse palhaço merece tudo aquilo que escreveu e muito mais, quanto ao pasquim da Travessa da queimada, por mim já tinha ido à falência.
    Abraço
    Manuel moutinho

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  4. Caro Miguel,
    Comento apenas e só para lhe dizer que Concordo plenamente com tudo o que escreveu nesta carta...

    Cumprimentos

    Ana Andrade

    www.portistaacemporcento.blogspot.com

    www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com

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  5. Boa noite.
    Acho que esta carta leva tudo o que esse senhor deve corrigir nas suas crónicas mais que parciais e que dentro dessa parcialidade não tem só entrado o nosso Porto.
    Penso que tudo isto já lhe devia ter sido dito há muito tempo, se bem que mesmo assim talvez não irá valer de muito.
    Eu, já há muito que deixei de me interessar pelas suas nortadas e por tudo que é escrito lá no pasquim onde o mesmo redige os seus textos.
    e já agora, por mim, que sou mais que visitante assíduo deste espaço, em nada me foi refreado o interesse em visitar este blogue depois de o Miguel ter optado por deixar de colocar aqui referências a esse mesmo pasquim, o meu muito obrigado por isso.
    Continue o excelente trabalho Miguel.
    Esta carta aberta está fantástica.
    Nós precisamos é de portistas assim.
    Cumps

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  6. Miguel,

    O blog está bem mais "leBezinho" desde que deixaste de publicar as edições do pasquim do "belenense" do Serpa.

    Li-a as tuas "postas" com relativo interesse, mas mais interessado na tua análise do que propriamente na leitura do que republicavas.

    Assim, não é com espanto que soube que te deixaste desse autêntico cabo dos trabalhos. Só acho que conseguiste ter (bem) mais estômago do que muitos de nós - eu incluído.
    Louvo a tua resistência a (quase) cinco anos a aturar aquela cambada, inclusive os escritos do Rui Moreira e do teu enfant terrible.

    Fico a aguardar novidades - i.e., saber se ele se dignou a responder-te.

    Abraço
    SdF

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  7. caríssimos,

    muito obrigado! pela vossa visita e pelas vossas palavras

    no fundamental:
    para lá de um desabafo que me soube bem (e que estava "atravessado há muito tempo...), penso que tudo permanecerá na mesma: o cronista continuará a ser muito bestial na defesa dos interesses do FC Porto e uma "besta" quando resolve criticar a estrutura...

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    abr@ços a «ambos os sete» :D
    Miguel | Tomo II

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  8. @ Ana Andrade, Hugo, Sr. Manuel Monteiro, sugus da fruta

    mais uma vez, muito obrigado! pelas vossas palavras elogiosas

    @ runesocesius

    estás à vontade :D
    (e, sim!, deu para "carregar" - inclusive as baterias :D)

    ps:
    o teu 'nick' tem muita história

    @ Adão Pinto, Dragão Castrense

    mais uma vez, o meu muito obrigado! pelas vossas palavras elogiosas.
    e sejam bem-vindos! nesta caixa de comentários :D
    faço votos para que repitam a experiência :D

    abr@ços a «ambos os sete»
    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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