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Ainda o corte de relações:
uma estratégia premeditada?
Dois grandes clubes nacionais cortarem relações não é bom para eles próprios (ou será que é bom para um?) e para o futebol português. Não há volta a dar. É péssimo. Analisemos friamente o que se passou entre o spórtém e o FC Porto.
Tudo terá começado com o estratagema que o FC Porto arranjou para transferir João Moutinho para o Mónaco, incluindo-o num pacote duplo que também incluía James Rodrigues. Assim, o total somado, acordado, dava ao João Moutinho um valor mais baixo do que o esperado pelo mercado, beneficiando o FC Porto na menor verba que teria, por acordo prévio, de devolver ao spórtém - um ato de gestão portista que, ao não ter sido salvaguardado pelo spórtém na altura da transferência do jogador para o FC Porto deixava o clube de Alvalade de mãos atadas, sem poder fazer valer os seus frágeis argumentos.
Na minha opinião, tratou-se de um acto de gestão pérfido mas inteligente, ainda por cima quase impossível de rebater. Afinal, o João Moutinho fora vendido pelo dobro do que o spórtém por ele obrigado (o João Moutinho) o deixou sair. Como poderíamos nós justificar que foi um mau negócio?
Onde começa a polémica deliberadamente provocada e o mal estar insanável entre os dois clubes?
Em primeiro lugar, porque o presidente Pinto da Costa trouxe à colação novamente o termo de «maçã podre», da qual a actual direcção do spórtém não é minimamente responsável, reintroduzindo com esta linguagem frutícola lembranças a factos de fruta passada - que, como se sabe, são sempre conotados com outros acontecimentos pouco dignificantes para o FC Porto, e dos quais só ele e as malfadadas escutas são responsáveis...
Não foi portanto o spórtém que puxou a fruta à colação; antes quem, referindo-se ao João, novamente como «maçã podre», e para nos amachucar, o fez.
Ora o spórtém sabendo-se e sentindo-se prejudicado com a avaliação do Moutinho, mas sabendo que nada iria conseguir provar, resolveu apenas demonstrar que não era tão ingénuo, que percebeu a marosca. Escolheu, para responder também uma linguagem frutícola, evidentemente também com um segundo sentido, mas revelando algum sentido de humor, utilizando esse termo tão popular de que não somos «bananas». Não ser bananas quer apenas dizer que não somos ingénuos ou estúpidos, que não tivéssemos percebido o negócio esperto do FC Porto. A partir de aqui a má consciência do FC Porto fez o resto: "aqui d'el rei", que o spórtém tinha utilizado a linguagem frutícola para ofender o FC Porto e, a partir daí, a escalada de contra-ataque começou, e temo que de forma deliberada para provocar o corte de relações.
Os insultos e a evidente má criação do vice-presidente do FC Porto, em Tavira, foram deliberados, e a restante Direcção do FC Porto, ao não querer demarcar-se deste comportamento totalmente inadequado, como foi pedido pela Direcção do spórtém e do seu presidente, obrigou, por uma questão de dignidade (não havia forma de evitar), ao corte de relações...
A reacção de Pinto da Costa, ao dizer que vai proceder, isto é agir em conformidade, faz-me temer o pior. Toda esta estratégia, verdadeiramente maquiavélica, forçando-nos ao corte de relações, deixa o FC Porto de mãos livres para nos tentar fazer os males que entender. Cheios de dinheiro fresco (e se calhar vem aí mais...) e sabendo-nos em grandes dificuldades, vão cair em cima de jogadores nossos, numa luta desigual, sempre com o pretexto de que se sentem livres para o poder fazer, sem qualquer escrúpulo, porque com eles cortámos relações.
Voltar a falar de fruta, ao referir a «maçã podre», e acusar-nos de que fomos nós a trazer a fruta à colação com as bananas, tentando branquear e até justificar os posteriores insultos e má criação de Tavira, e 'obrigar-nos' a defender a dignidade do spórtém e do seu dirigente máximo da única forma possível (alguém honestamente acha que era possível ter agido de outra forma?), vai permitir ao FC Porto, a partir de agora, tratar-nos como inimigo, desrespeitando valores éticos e de convivência desportiva mínimos.
O FC Porto, pela voz do seu presidente, diz, em forma de clara ameaça, que vai agir, a partir de agora, «em conformidade». Foi isso, na minha modesta opinião, que procurou deliberadamente desde o princípio: ter um pretexto para, sem quaisquer escrúpulos, nos vir tentar roubar jogadores.
Preparemo-nos então, muito unidos em torno da nossa Direcção, para resistir. Mas como? Não somos «bananas», não somos cegos, mas nunca pensei que alguém pudesse utilizar premeditadamente estes métodos.
Podem alguns calimeros mais pacíficos e avisados, em tom crítico, afirmar que caímos que nem uns patinhos, ao reagir desta forma à provocação e às suas possíveis consequências. Não estou de acordo. Na próxima oportunidade, em vez de nos insultarem e recusarem a mão estendida, cuspiriam-nos na cara. E aí, os mesmos calimeros diriam que isso só aconteceu por não termos reagido com a dignidade e a firmeza adequada que o spórtém merecia, na altura própria.
Se tudo isto foi orquestrado e premeditado, cheira-me, de facto, a fruta podre, fruta encomendada, fruta do passado. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Como eu gostava, deprimido como estou, de estar a ver tudo um pouco negro, perseguido pelo destino, de estar eventualmente enganado. Que somos, afinal, todos pessoas de Bem.
»
autor: dr. eduardo "cutty sark" bOrroso
fonte: um coiso lampião (2013-06-19)
ps: os negritos, os itálicos e os sublinhados são da minha responsabilidade.
« Comprámos aquilo a que chamaram «maçã podre» por 11 milhões de euros e vendemos por mais do dobro. O spórtém só tem de estar satisfeito. O João Moutinho era uma «maçã podre» que não queriam e agora ainda ganharam mais dinheiro. Se acham pouco, espero para ver que negócios vão fazer igual ou superior a esse valor. »
o sr.
bruno (vai mas'é p'ró) carvalho,
a 24 de Maio, referiu
:
« Tivemos o azar do presidente Pinto da Costa não estar a conseguir fazer os negócios que tem feito. Ele sempre disse que os jogadores eram vendidos pela cláusula, e sabemos que a do João Moutinho era de 40 milhões... Infelizmente não foi assim, foi por 25 milhões... Às vezes as pessoas não vão tendo as mesmas capacidades e as mesmas competências... »
ficava bem ao sr. bOrroso beber menos cutty sark's antes de começar a pensar em escrever as suas crónicas, já que não lhe posso pedir para ser sério - algo que desconhece em absoluto.
também seria útil rever as estórias em torno dos acontecimentos ocorridos, por forma a evitar a utilização de termos e/ou frases menos próprias sobre os mesmos - e que se encontram destacadas a negrito e a sublinhado. no texto acima.