em bem que acalentava a esperança de, um dia, lá ir. afinal, do grupo de
Amigos, só eu é que ouvia falar dessas experiências
: de se lá estar, do que se sente quando se permanece naquele lugar emblemático, de não haver mais nenhum no mundo, de como é indescritível o seu pulsar.
«só faltas tu! não sabes o que estás a perder...»
de facto, só eu é que estava a pecar.
já me tinha apercebido de que seria algo grandioso, pelas pesquisas que entretanto fazia na
net. mas, todas essas indagações mais não eram do que virtuais. o que eu precisava mesmo era de uma injecção real de uma realidade que desconhecia (mas que não negava a sua existência), inclusive à partida da dita.
até que, um dia foi dia!
todos os factores conjugaram-se para esse momento. todas as constelações alinharam-se para que todas as probabilidades astrológicas deixassem de o ser, e influenciassem as condicionantes do meu signo de uma forma que já não era fantasiosamente ficcional (ou vice-versa). todos os imprevistos e todos os imponderáveis, que obstaram a (até então) imprevisível concretização dessa ocasião, como que deixaram de existir.
e foi, de facto, um dia grandioso!
tudo era novo para mim. todo um novo mundo se abriu para mim. tudo o que pensava saber sobre essa temática equivalia a um enorme zero, e soava a uma douta ignorância.
e voltei a ser criança, outra vez. e a sorrir como uma. e a sentir aquele calafrio bom, de se estar a experimentar algo pela primeira vez
; mas algo bom. muito bom, até. demasiado bom para ser verdade. e de como eram infundados os meus receios iniciais (felizmente que poucos). e de como todas as expectativas seriam superadas, mesmo só com o me estar a aproximar do local, e ainda nem sequer estava lá dentro.
bem, chegados a este ponto, convém fazer o pertinente esclarecimento de que te irei poupar a (im)possíveis descrições pormenorizadas sobre o dia
(ou a tarde. ou a noite. ou a madrugada. ou
«ambas as quatro
» situações
) em que resolvi ser mais rápido do que o
Usain Bolt, nos
cem metros (
sem) barreiras
:D
feita a apropositada advertência inicial, vamos ao que interessa.
as duas primeiras perguntas recorrentes da rubrica
"os dragões de ouro do 'Tomo II'" invariavelmente aludem às sensações primeiras (porque, para mim e no meu entendimento, são as mais verdadeiras) de se estar num estádio de futebol
.
à data em que redijo estas linhas, confesso que já não me recordo muito bem
da primeira vez que entrei no
saudoso Estádio das Antas. as
memórias (difusas, confesso) entrelaçam-se entre uma moldura humana impressionante na Av. Fernão de Magalhães, muito próximo da entrada da tribuna - onde agora está a Torre das Antas
; do aperto e dos atropelos constantes naquela
congosta que dava acesso à Superior Norte
; do morro, à nossa esquerda (se descíamos a
cangosta, pois claro
!) onde, um dia, o meu Pai me levou pensando que poderíamos ver um jogo à borla e acabámos por perder a primeira parte do dito
; dos motociclos estacionados na pista de atletismo, e
(sem maus-entendidos e
/ou qualquer sarcasmo e
/ou ironia
) da vista privilegiada que tinham para o jogo
; da (pese embora as épocas distintas) invulgaridade de nomes como
"Bife",
Walsh,
Jacques,
"Vermelhinho" ou
"Tibi"; da brava entrada da nossa equipa em campo e de se perfilar, numa saudação sempre poética, para a tribuna, com o gáudio das bancadas como som de fundo
; do intemporal (porque é um clássico)
"é sentar que já não chove
!", e pouco mais.
já da primeira vez que entrei no nosso actual teatro de sonhos azuis-e-brancos, as recordações são muitas.
começo pela envolvente ao Estádio, com o descer a Alameda vislumbrando-o lá em baixo, sublime, imponente, majestoso. da
única recordação visível de um palco onde fui (fomos
!) muito feliz, com muitas alegrias para partilhar e mais tarde contar ao Guilherme
; da praça que o antecede, ampla e do colorido que alberga, a cada jogo que lá se realiza
; do reluzir dos torniquetes, novos, em contraste com o
azul pálido dos das Antas, para esconder a ferrugem da sua (nada proveta) idade
; da imensidão de espaço nos corredores de acesso às bancadas
; da clareza da identificação dos sectores destas últimas e de como é fácil encontrar o nosso lugar.
já o vislumbrar do rectângulo verde e da magia desse momento primeiro, antes mesmo de pensarmos em encontrar a nossa cadeira de sonho, esse é idêntico ao que sentia quando ia às Antas. assim como a postura dos adeptos, no anteceder da entrada das equipas
: ruidosa, como tem que ser. e do
frisson que se sente a cada acorde do nosso hino. e da lágrima que teima em cair, com o cachecol bem estendido para a esconder
(pois que
«um homem também chora / quando assim tem que ser»).
tudo
"isto" aconteceu
a 13 de Agosto de 2005, no jogo de apresentação aos sócios ante o
Real Club Desportivo Espanyol -
na altura, "de", entre outros, De La Peña, Juanfran, Hurtado, Luís García e Tamudo.