© abola | Ricardo Galvão
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Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa completou, na última Terça-feira, trinta anos como presidente da mais bem sucedida instituição portuguesa da nossa história recente: o Futebol Clube do Porto.
Em nenhum outro sector de actividade, em Portugal, uma organização conseguiu sequer aproximar-se do desempenho nacional e internacional do clube nortenho. Até o mais distraído dos cidadãos não ignora as sistemáticas vitórias do FC Porto no plano interno, em todos os desportos profissionais ou semiprofissionais, e os êxitos retumbantes a nível internacional.
Desde 1964, o único clube de futebol português a ganhar provas europeias e mundiais foi o FC Porto. Ganhou sete, batendo-se de igual para igual com clubes representativos de cidades e países com muitíssimas mais capacidades financeiras, e com uma capacidade de recrutamento de jogadores e treinadores quase ilimitada - não vale a pena perder tempo referindo os campeonatos e taças dentro de fronteiras (o espaço nesta página é demasiado pequeno).
A pergunta impõe-se:
que empresa portuguesa, que instituição, foi a melhor da Europa, no seu ramo de actividade, por duas vezes ou, pelo menos chegou perto disso, nos últimos trinta anos? Pois...
Os sócios e adeptos do FC Porto, o desporto português e a comunidade portuguesa devem todos esses feitos a uma pessoa: Pinto da Costa.
Claro que nenhum homem sozinho seria capaz de tão espantosa obra; mas foi, de facto, ele o grande motor, o grande líder de uma das mais extraordinárias histórias de sucesso de uma organização portuguesa.
Pinto da Costa é, sem sombra de dúvida, o mais brilhante gestor português e, no seu sector, um dos melhores do mundo - senão o melhor (é o presidente dum clube, no mundo inteiro, com mais títulos ganhos).
Em qualquer país que não estivesse minado pela inveja, que não vivesse obcecado pela intriga e não odiasse vencedores, o presidente do FC do Porto seria um autêntico herói nacional. O exemplo de alguém que com parcos recursos, liderando uma organização originária duma região pobre da Europa, conseguiu, à custa de trabalho, capacidade de organização e de uma dedicação sem limites, transformar um clube como muitos outros num dos maiores do mundo seria estudado, promovido, glorificado.
Não é em vão que, por esse mundo afora, o FC Porto e o seu presidente são homenageados e vistos como autênticos fenómenos. Mas, em Portugal, quanto maior for o sucesso, maior será o ódio, maior será o desprezo, e, claro está, Pinto da Costa é o alvo de toda a desconsideração, de toda a infâmia, de toda a calúnia.
Desenganem-se os que acreditam que a razão para tanta falta de respeito pela obra realizada se deve exclusivamente à paixão que rodeia as coisas do futebol; ao facto de um clube com menos adeptos do que os seus rivais lhes ganhar sistematicamente; às tomadas de posição muitas vezes duras do presidente, ou ao discurso exageradamente regionalista. Terão essas razões algum peso, mas estão longe de ser as fundamentais.
Pinto da Costa é invejado e odiado porque ganha. E ganha porque sabe mais do seu ofício, porque trabalha mais, porque sabe organizar melhor a sua empresa. Mas isso no nosso país pouco conta.
Toda a gente sabe que se alguém é rico é porque roubou; se alguém tem um bom contrato é porque tem "cunhas". Por que seria diferente com Pinto da Costa? De facto, o sucesso, em Portugal, nunca serve de exemplo, nunca leva as pessoas a quererem fazer melhor, a trabalharem mais, a serem mais empenhadas. Como dizia um meu bom amigo, benfiquista de coração, «em Portugal, só no futebol se fazem declarações de interesses»...
Sou sócio do FC Porto.
Estarei eternamente agradecido a quem me proporcionou tantas alegrias e me fez quase arrebentar de orgulho por ser portista e português. Mas isso, para o tema, pouco importa. É quase patético ter de anunciar a minha condição de adepto de um clube apenas porque se reconhece a obra de alguém ímpar na nossa comunidade, de alguém que honrou o nome da cidade do Porto e de Portugal.
"Muito obrigado!", sr. Pinto da Costa!
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fonte: dn.pt
ps1: os negritos, os itálicos e os sublinhados são da minha responsabilidade
ps2: o meu (sentido) "muito obrigado!", não só ao autor de tão brilhante prosa, mas também ao Alex F., do (muito portista) "Azul ao Sul", por ma ter dado a conhecer.