segunda-feira, 21 de novembro de 2011

do «ser Porto»




caríssima(o),

tendo em conta toda a tormenta que grassa o quotidiano azul-e-branco - as noites em claro, o (meu) semblante carregado, o (péssimo) humor que (man)tenho, a azia indisfarçável, as piadinhas de alguns «gloriosos» adversários - o que mais me tem custado aguentar é a leitura de alguns comentários nesse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera"®.
tem-me custado tanto que dei por mim a questionar o que é «ser Porto»

na minha opinião, começo por referir algo em que acredito: ninguém é mais portista do que outro portista, pois cada qual apoia/ama o nosso clube do coração da forma que melhor sabe e pode.
é por isso que desalinho em debates sobre tal questão, normalmente com o recurso a argumentos sobre o número de vezes que se apoiou o clube (dentro e fora de portas) contra o número de anos de associado.
e é por isso que, para mim, todos os portistas amam o clube na razão proporcional da plenitude total das suas capacidades - sejam elas físicas, monetárias e/ou emocionais.

já sobre estas últimas, está bom de ver (e de sentir) que andam na mó de baixo, por tudo o que (não) sabemos e (muito) sentimos.
é por saber e (pres)sentir tal, que «ser Porto», antes de tudo e na minha opinião, são as nossas memórias.

é aquele sorriso nos lábios ao se agendar com os Amigos a próxima ida às Antas.
é o friozinho bom de descer a Alameda, junto aos campos de treinos, em direcção à arquibancada.
é o ouvir as conversas dos outros adeptos, alguns com respeitosos cabelos alvos, enquanto se (des)espera pela passagem nos torniquetes.
são os minutos que antecedem a entrada em campo dos nossos heróis e todo o bruá que se faz sentir nas bancadas.
é o arrepio na pele ao escutar o nosso hino e o orgulho incontido em desfraldar o cachecol enquanto o escutamos (de pé e até ao seu final).
é aquela ansiedade enquanto o golo não chega.
é o extravasar de sentimentos quando este chega, ao ponto de abraçarmos todo o (estranho) Mundo que nos rodeia.
é o (estúpido) temor de considerar que o adversário poderá empatar o jogo a qualquer momento, mas que se o fizer no imediato, «ainda temos tempo para dar a volta a isto».
é o calor interior que se sente nas jogadas mas calientes da partida, que transtornam o santo mais beato no estádio, o qual verbaliza torpilóquios como se não houvesse Amanhã.
é a animação das conversas pós-jogo (independentemente do resultado final), numa altura em que ainda não se considerava a existência de blogues.

«ser Porto» é tudo o que me recordo ali atrás e também a primeira ida ao Estádio da Luz, com o meu Avô, o qual me pediu encarecidamente para não me manifestar muito durante o jogo, e "desrespeitá-lo" por três vezes - tantas quantos foram os golos portistas marcados.
e igualmente ir ao Bessa ver o nosso clube do coração, na época 1995/96, junto dos Panteras Negras e não ter gritado «goooolo», a plenos pulmões, na altura devida, por forma a poder estar a relatar este episódio agora.

mas, «ser Porto», é sobretudo e fundamentalmente apoiar o nosso clube do coração em todas as ocasiões, principalmente nas más.
e nesta altura de tanto sofrimento - sim!, porque eu estou a sofrer com o que se passa no meu clube! - «ser Porto» é ter a consciência de que estes tempos difíceis serão momentâneos.
e que, mais uma vez na nossa imensa História, uma estória como a actual servirá de lição e certamente trará novos motivos de orgulho.
e que só temos que ter confiança no nosso grande presidente - o nosso querido líder, que colocou o FC Porto e a sua cidade no centralista mapa de Portugal, há (quase) trinta anos, e que vê mais a dormir do que todos os outros dirigentes acordados.

e, por fim, que não podemos ganhar sempre, mas que certamente vencer nunca deixaremos de o fazer. fazê-mo-lo «desde 1893», certo?
afinal, «valor, lealdade e mérito» são três dos nossos valores, os quais se encontram plasmados no nosso histórico emblema.


beijinhos e abraços (muito portistas)!
e MUITO OBRIGADO! pela tua visita ;)

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)