quinta-feira, 21 de julho de 2011

«este é o nosso destino»


caríssima(o),

faz precisamente hoje um mês.
e porque, na altura, me vi "privado" (coloquemos assim a questão) do meu canal preferido de escrita, dedico este post, por inteiro, à polémica transferência do (até então) nosso treinador incontestado e muito acarinhado pela massa adepta daquele que também é o seu clube do coração.
e desde já aviso que será um post longo, pelo que sugiro que moderes o tempo de cozedura se tiveres o estrugido ao lume. ;)

também eu acolhi o «soco no estômago» da sua multimilionária transferência para o Chelski. o misto de sentimentos, que foram desde a mágoa, a dor intensa, a traição, a raiva e a indignação até à sensação estranha de que afinal tal será sempre assim no futebol actual: o apego ao (saudoso) "amor à camisola" mais não é do que um mito urbano. e tanto acredito, que acho mais provável que possa vir a encontrar um crocodilo nos esgotos de New York mais depressa do que um novo João Pinto no meu FC Porto. adiante explico (sucintamente) as razões que sustentam esta minha convicção.

considero que a partir do momento em que (1) o nosso clube se constitui como uma Sociedade Anónima Desportiva [SAD], cotada em bolsa e sujeita às regras dos mercados imobiliários; que (2) as leis do mercado futebolístico passaram a ditar normas impiedosas nas célebres "janelas de transferências de passes de jogadores", as quais beneficiam os clubes com maior poder de compra e que (3) as instâncias internacionais que gerem e superintendem os destinos do Futebol se preocupam de sobremaneira com a sua rentabilidade (bem mais do que com a Verdade Desportiva, e sendo que esta não é coincidente com a do 5lb), a posição de um clube como o FC Porto e pese embora os seus pergaminhos, num mercado feroz e igualmente muito volátil, só pode ser uma: lapidar "diamantes em bruto", rentabilizando-os numa posterior venda e pelos valores por si estipulados (nunca pelos que o clube comprador «oferece»), pois sabe-se de antemão da Qualidade que actualmente a marca "FC Porto" granjeia (sobretudo) na Europa do Futebol. realmente, assim fica muito difícil encontrar um jogador com (muito) amor à camisola.
é que este também é o «nosso destino»: vender! e muito bem, preferencialmente!

certamente que este é um tipo de gestão (vulgo) «de risco», mas este sempre fez, fará e será parte integrante de qualquer negócio, seja ele qual for. e a competência dos gestores azuis-e-brancos tem dado provas de que esta aposta (ainda) é uma solução eficaz. se dúvidas houver, basta atentar naquele símbolo de Qualidade que já referi: não há quem ouse duvidar que um jogador "feito" no FC Porto (que não é o mesmo que «jogador à Porto») possa decepcionar de forma clamorosa. e estes pressupostos são válidos para os treinadores, André "Libras-Boas" [AL-B] incluído.

só que, no episódio "Libras-Boas", há uma cambiante que faz com que eu, um mês decorrido após a sua mudança para o Chelski de Londres, ainda a veja com um misto de decepção, de engodo, de muita mágoa e sobretudo traição.
como quase a totalidade dos portistas e mormente após a estrondosa época desportiva que encetou no FC Porto - com a quebra de sucessivos recordes, alguns deles mantinham-se desde os tempos da "outra senhora" -, nutri por AL-B um carinho ainda mais "especial" do que por qualquer outro treinador recente, e sem pretender particularizar. afinal, ele era (é?) um dos nossos, car@go!, assumindo-se publicamente como portista desde pequenino. porém e como muito bem salientou o André Oliveira, do "Mística do Dragão", há cenários que um portista (dito) dos quatro costados e por muito tentador que aqueles lhe possam parecer (que não só em termos financeiros), pode sempre recusar (no imediato), ou então adiá-los. efectivamente «fiéis só os cães». porquê? explico.

se compreendo e aceito, que o destino do nosso FC Porto seja vender - bem e com Qualidade -, já me custa digerir uma transferência cujos rumores foram sempre sendo rebatidos com frases lapidares como «estou na minha cadeira de sonho». quem o afirma transmite, para toda a Opinião Pública, corpo dirigente, equipa técnica, plantel, massa associativa e adeptos, que uma eventual (porque hipotética) saída não acontecerá tão cedo. e porque tal não se verificará no imediato, que a planificação da época vindoura estará sempre acautelada. e igualmente que, com a sua presença no comando dos destinos do plantel portista, a partir de um banco com muita mística, o Futuro só poderá ser risonho, ao ponto de o líder máximo do Dragão depositar em si todas as melhores expectativas, classificando-o de «inegociável». e de haver quem o considere «um mito»! e de que confirma que hoouve uma «contraproposta» da direcção da SAD para que ficasse. e mesmo assim, preferiu enviar um fax a denunciar o contrato, "bater" a cláusula de rescisão, tornar-se multimilionário e... sair pela porta pequena do Dragão. são as chamadas "opções de Vida".

mas - e em todas as estórias há sempre um "mas" -, o que se constatou no dia 21 de Junho, com o teor das notícias vindas a lume (nada brando por sinal), com a forma como foi comunicada a denúncia do contrato e principalmente com o timing da sua comunicação, foi que provocaram, não só um "tsunami" de emoções no seio de quem o acolheu e sempre lhe quis bem, como um ligeiro abalo na estrutura do clube mais sustentável do futebol luso. nada mais do que isso e não adianta empolar "este" Passado. e se duvidas que o FC Porto o seja, puxa todo o filme atrás e constata que:
a) no próprio dia 21 de Junho, foi anunciada a sucessão no comando técnico do plantel principal azul-e-branco, afirmando-se que esta já estaria acautelada «há um mês» - o que viria a acontecer com a apresentação de Vítor Pereira;

b) a mágoa do nosso grande presidente, mesmo que perceptível, nunca foi suficiente para colocar em causa o sucessor de AL-B, a sua escolha e sobretudo o que se espera de resultados práticos do trabalho a desenvolver;
c) o regozijo de alguns só indicia que o seu medo de perder é superior à crença nas capacidades do seu clube de estimação, o que revela que se está mais concentrado no "infortúnio" do adversário do que em (in)tentar conquistar a nossa Sorte.

e sei que não estou sozinho nesta dor interior. 
atente-se nas palavras de Manuel Queiroz no seu artigo "os estaleiros e Libras-Boas", de Miguel Ângelo Pinto em "não pode ser só o dinheiro" - presentes numa resenha de artigos vários sobre a polémica transferência -, mas sobretudo de Miguel Sousa Tavares nas seguintes NORTADAs:


I)

NORTADA de 21 de Junho de 2011, com o título de "deserção":

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e também:

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II)

NORTADA de 28 de Junho de 2011, sob o título de "é fácil ser treinador do Chelsea!":

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já a amargura de Rui Moreira, nos seus PLENOS PODERES de 24 de Junho de 2011, em "rei morto, rei posto" é algo que se (pres)sente e se compreende:

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daí que enfoque a seguinte conclusão brilhante de Miguel Sousa Tavares, a 21 de Junho, em "deserção":

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»

portanto, para finalizar, mesmo depois de todas as sondagens feitas, e com toda a mágoa e tristeza que ainda sinto por tudo o que veio a acontecer, e não podendo esquecer o brilhante passado recente da história do FC Porto, expresso o meu seguinte desejo a André Villas-Boas, socorrendo-me dos votos sinceros de Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa:

«
Espero que vença sempre, menos contra o FC Porto. E que empate com o Mourinho, porque são amigos. E que seja campeão em Inglaterra.
»


beijinhos e abraços (entristecidos)!
e Muito Obrigado! pela tua visita :)

adenda a 22 de Julho de 2011:

impõe-se referir, com toda a justiça, que a imagem que embeleza este post refere-se ao nosso novel treinador, e não ao "traidor" - o ponto de interesse deste post - pura e simplesmente porque se pretende deixar o Passado para trás, mesmo que este nos tenha sorrido como nunca e nos tempos mais recentes.
tenho para mim que o que (nos) importa é o Presente, com os olhos postos no seu Futuro - e estes passam indubitável, insofismável e inevitavelmente  pela visão de Vítor Pereira (e da sua equipa técnica).

4 comentários:

  1. Também já disse o que me pareceu este triste episódio na história do nosso clube.

    Li tudo até ao fim, e não foi fácil mas como também tenho um hábito (agora mais contido) de me alongar, depois sinto-me na obrigação de ler também o muito que os outros escrevem.
    Mas voltando ao assunto li tudo e depois, mais logo, vou ler os links mas só quero dizer que percebendo as ideias todas e sentimentos todos que estão expressos no post só não concordo com o final onde acompanhas os desejos de Pinto da Costa para libras-boas. Acho que o melhor que se pode fazer é retribuir o sentimento e se ele se ficou a "borrifar" para o Porto nós devemos ficar-mo-nos a borrifar para ele. Nem quero que perca nem que ganhe.

    Pensando melhor, faço votos que tenha uma carreira, daqui para a frente, o mais mediana possível, para não dizer baixa, ao mesmo nível do carácter e do valor da sua(libras boas) palavra.



    Avivar

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  2. caríssimo,

    este é um problema que tenho «desde pequenino», i.e., desde os tempos do Tomo I: não sei quando devo parar ;)
    daí a advertência inicial, que foi colocada apenas depois da revisão do texto. só nessa altura é que me deparei com o (imenso) "testamento". :)

    assim sendo, as minhas primeiras palavras para ti, vão no sentido de agradecer a tua paciência na sua leitura ;)

    sobre as hiperligações, estas referem-se a vídeos que descobri no 'Youtubiu' e que (julgo serem) interessantes.

    por último, mesmo com alguma mágoa (que, com o Tempo, desvanecerá) não poderia deixar de corroborar as palavras do nosso grande presidente. é que, mais do que qualquer um de nós, ele sentiu a ingratidão do "Libras-Boas" de uma forma inimaginável. posto este considerando, só poderia acompanhá-lo na sua dor imensa.

    abraço
    Miguel

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  3. Meu caro amigo, tudo isso é muito bonito e de facto, os tempos agora são outros, mas não se pode andar a alimentar a paixão e depois, por medo, apenas medo de aos 33 anos e só com ano e meio de treinador principal, pisar essa paixão e deixar ficar mal tanta gente... principalmente um Homem que colocou a cabeça no cepo por ele e acreditando que o que ele dizia era genuíno, tanto o elogiou.

    Um abraço

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  4. caro Vila Pouca,

    foi a sua opção (do André "Libras-Boas", bem entendido). há que a respeitar.
    agora, aceitá-la (e principalmente de ânimo leve, como se nada se tivesse passado e tudo fossem rosas) é que são "outros quinhentos" ;)

    abraço
    Miguel

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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