sábado, 27 de agosto de 2011

de um texto enorme



«
E conta a FOLHA DE S. PAULO que, depois de a sua casa ter sido assaltada, o deputado brasileiro António Salin Curiati (PP) criticou as políticas sociais da presidente Dilma que «agraciam a comunidade carente, e eles começam a ter filhos à vontade», defendendo que é preciso controlar a natalidade dos pobres, já que, se não chegarem a nascer, "eles" não andarão por aí a assaltar casas. Invocou, a propósito, o exemplo dos países em que se decepam as mãos aos ladrões, embora assegurando que não concorda com o método (pois seria decerto humilhante ser assaltado por pobres com cotos em vez de mãos).

Controlar a natalidade dos pobres (castrá-los, por exemplo; julgo que, há uns anos, houve um projecto do género na Índia) pode ser uma boa ideia mas põe alguns problemas: se os pobres não tiverem filhos, o que é que os ricos comem? E quem pagará impostos? E quem trabalhará para os ricos e morrerá por eles nas guerras com que os ricos ficam mais ricos? E, pior: sem pobres, como é que os ricos poderão praticar as acções de caridade com que obtêm perdão por tudo quanto fazem na Terra, dormindo de consciência tranquila e reservando suites de luxo no Céu?

Eu sei que os pobres são maus e assaltam os ricos e que, em contrapartida, os ricos nunca assaltam (nem através das leis do trabalho e dos bancos) os pobres. Mas não seria mais prático, em vez de castrá-los, obrigá-los a assaltar apenas pobres como eles?
»
autor: Manuel António Pina

fonte:
jn.pt
ps: os negritos, os sublinhados e os itálicos são da minha responsabilidade.


4 comentários:

  1. Para haver ricos tem de haver pobres e vice-versa. Compreendo o post mas este tema é muito subjectivo.

    Num primeiro ponto seriamos todos comunistas (igualdade em tudo para todos) mas depois de analisar o que é a vida debaixo de um regime comunista e compara-lo com o país mais à direita que há no Mundo (EUA) ninguém quer outra coisa senão o liberalismo e o capitalismo, com o sonho de um dia também poder ser rico... e poder fazer caridade aos pobres e ter coisas boas para serem levadas pelos assaltantes e depois poder substitui-las.

    Até os comunistas jogam no euromilhões e não há-de ser para depois o distribuírem pelos pobrezinhos desgraçados.

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  2. @ Nelson

    ponto prévio:
    Manuel António Pina tem como ideologia política os ideais marxistas-leninistas, que não são os meus.

    o que pretendi com este post foi divulgar a ironia subjacente no seu escrito, mais do que o teor do texto e dos ideais comunistas e/ou democráticos.

    sem pretender dar lições de moral a ninguém ok?, digo que, nos dias de hoje e depois de ver imagens do tormento por que passam milhões no Corno de África, acho de uma filha da putice que ainda haja quem, como aquele deputado brasileiro, veja os "pobres" como todo o mal da Sociedade e defenda o seu «controlo de natalidade». e tudo porque o senhor doutor foi assaltado!

    ou seja, ao invés de pugnar por Justiça, clama por xenofobia e discriminação!

    temo que os distúrbios de Londres e este tipo de pensamento mesquinho ainda nos vá atingir em breve...

    abraço

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  3. Eu percebi que o que estava a ser publicado era o texto e as suas idiossincrasias e eu apenas as debati pela rama e de uma forma geral mas analisando uma realidade.

    Por isso é que fiz do pequeno texto uma enorme generalização e acrescentei-lhe a ironia, ou melhor, o sarcasmo do ultimo paragrafo.

    Também eu não tenho pretensões de moralista nem de Marcelista*.


    *Marcelo Rebelo de Sousa; figura ímpar a nível mundial pois sabe e percebe de tudo e quando se engana só acontece numa dimensão pois em realidades alternativas ele estará correcto.

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  4. @ Nelson

    « compreendi-te. não me queres dar lume » ;)

    num registo mais (a) sério: não tinha percebido o teu comentário dessa forma. espero não te ter ofendido de alguma forma com a minha resposta.
    e quero deixar claro que ao ter escrito « sem pretender dar lições de moral a ninguém » não estava a visar minguém em particular e muito menos a ti, ok? é que o que se seguiu àquela frase pode ser entendido de outra forma - sei lá, pelo deputado brasileiro, por exemplo. ;)

    abraço
    Miguel

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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