domingo, 12 de janeiro de 2014

dos "sermões" do sr. Serpa aos peixes...



© Google | Miguel Lima (Tomo II)



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Como a República homenageou o "Rei" 


A unanimidade na Assembleia da República é uma notícia em si mesma. Não só é raro que os deputados estejam todos de acordo, como é inusitado que todas as bancadas parlamentares se ergam, uníssonas, no elogio global e, mais do que institucional, visivelmente sentido. Julgo que uma acção como aquela, que se viu no voto de pesar dos deputados pela morte de Eusébio, a que assistiu a família do homenageado e o presidente do 5lb (e que bem que se portou Luís Filipe Vieira, 'o Orelhas', em todo estes tempos de profunda tristeza para 5lb!), deve chegar para contrariar qualquer argumentação a defender que Eusébio não deveria ter lugar no Panteão Nacional.
Aliás, não deixa de ser histórico e até irónico, ver a Assembleia da República homenagear, de forma tão entusiástica, a figura de um "Rei" - mesmo que seja um Rei muito particular, porque eleito pelo povo. A verdade é que do CDS ao Bloco, os representantes políticos do povo português souberam, como poucas vezes, interpretar o sentimento daqueles que os elegeram. E essa é outra notícia invulgar. Uma boa notícia, assinale-se. 

Claro que a unanimidade confunde e gera mesmo perplexidade, especialmente naqueles que gostam de se fazer notados e que, muito invejosos, ficam no seu inapelável anonimato. Nada melhor para chamar a atenção do País, no meio do ruído geral de vozes e opiniões avulsas, do que recusar a evidência. É uma maneira, aliás, de rara oportunidade, de chamar a atenção e de fazer prova de vida. 
Por certo, nos próximos dias, depois da enxurrada de elogios e de homenagens a Eusébio, começará, enfim, o penoso desfile dos cidadãos desconversadores. Terão, porém, sobre os seus ombros, a imagem penosa de nem sequer serem criativos: Mário Soares adiantou-se ao pequeno pelotão de rezingões e, aproveitando o facto de ter idade e estatuto para dizer tudo o que de bom e de mau lhe vem à cabeça, chocou o povo com um arrazoado inglório e até mal educadoMas a Mário Soares todos nós devemos perdoar, pelo que foi e pelo que fez por Portugal. E sabendo-se, como se sabe, que tendo tido ele, na sua extensa e intensa vida política ativa, alguns não demasiado raros exemplos de quebras de coerência que o levou, como bem nos recordamos, a meter o Socialismo na gaveta, não é mister vê-lo, agora, numa idade de regresso à traquinice ideológica, meter também o bom senso na gaveta.

Entretanto, outros, a quem Portugal pouco ou nada deve, acabarão por aparecer, vestidos das virtudes intelectuais que só mesmo eles vêem ao espelho, desdenhar da ideia de termos um herói futebolista, fingindo não perceber as razões pelas quais Portugal tanto o amou e tanto o continuará a amar. Virá, também, quem diga que a política deveria ter ficado alheada das homenagens públicas e de relacionamento tão íntimo com o infausto acontecimento. Que será um aproveitamento indecoroso de um sentimento popular genuíno. Não concordo

Nunca se saberá verdadeiramente onde termina a genuinidade humana do ato político, mas não devemos, à partida, ter o direito de reserva sobre tal assunto. O que nós vimos foi uma generalizada manifestação de gratidão pelos mesmos homens que, não raras vezes, nos parecem ingratos e insensíveis à realidade humana. É legítimo que nos possam despertar dúvidas; mas há momentos em que «até os homens com pelos no coração» - expressão notável de Carlos Pinhão - são capazes de chorar lágrimas de verdade. 
Acredito que este tenha sido um desses momentos. Quero acreditar que assim tivesse sido.

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autor: o "belenense" vítor serpa
fonte: um coiso lampião (2014-01-11) 
psos negritosos itálicos e os sublinhados são da minha responsabilidade.


para que conste, na minha opinião, e sem querer fazer do que a seguir afirmo qualquer «prova de vida»:

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a «unanimidade na Assembleia da República» não chega, por si só, para me demover das razões que invoquei e pelas quais demonstro que o Panteão Nacional não é o local do eterno repouso para os restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira.

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com aquela afirmação não estou a «desdenhar da ideia de termos um herói futebolista»; antes considero que, invocar tal facto, num acto isolado, como argumento único para justificar a trasladação de Eusébio da Silva Ferreira para o Panteão Nacional, é demasiado redutor. e falacioso. e parvo, também. e (in)tentar fazer dos outros, os «que gostam de se fazer notados e que, muito invejosos, ficam no seu inapelável anonimato», estúpidos e palonços, que, quais lampiões"comem" tudo o que o pasquim da Travessa da Queimada publica.

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mesmo fazendo parte da colheita de '75, eu também sou dos que não perdoa tudo a Mário Soares principalmente «pelo que foi e pelo que fez por Portugal».

"disse!"




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