segunda-feira, 28 de maio de 2012

parece (mesmo) que foi ontem



caríssima(o),

a senda das comemorações dos vinte e quatro anos da primeira grande conquista europeia do nosso FC Porto, recordo uma bela entrevista ao site "MAIS FUTEBOL" desse pequeno (mas enorme!) jogador brasileiro, de seu nome Juary Jorge dos Santos Filho, e a "arma secreta" de Artur Jorge.
daquela destaco as suas frases emblemáticas:

«

Se o André Villas-Boas quiser, eu explico como se faz três golos ao FC Barcelona!

i) sobre a final de Viena

Eu nem devia ter jogado. Estava lesionado no tornozelo direito, sem condições nenhumas.
Mas a psicologia única do Artur Jorge fez-me tocar o céu. Ele pediu ao Rodolfo Moura para me deixar em condições de jogar. «Não precisa de ser muito tempo, em 30 minutos o Juary decide». E pronto! Perante isto, eu tinha mesmo de entrar.
[o discurso do "rei Artur"] Foi simples, muito simples: «O campeonato de Portugal podemos ganhar quase sempre. Fazer História tem de ser hoje! O que preferem vocês? Vão lá para dentro e joguem "à Porto"!». Disse-nos isso, deixou-nos o peito a ferver. Só queríamos ir para cima do Bayern. E fomos!

ii) sobre o encontro ante o FC Barcelona de 1985

[06 de Novembro de 1985, Taça dos clubes Campeões Europeus, oitavos-de-final.
O FC Porto chegava com uma desvantagem de 2-0 de Camp Nou, num jogo em que Juary viu um golo ser mal anulado e uma grande penalidade terá ficado por marcar - a favor dos dragões, claro. ao intervalo do jogo nas Antas registava-se um nulo obstinado. Até que Artur Jorge chamou por Juary.]
Fez-me um pedido muito simples: «leva velocidade ao jogo». E lá fui eu. Marquei dois golos quase seguidos; estávamos a esmagar o grande Barça, até que o escocês Steve Archibald estragou a noite. Ainda marquei mais um perto do fim, mas não chegou.
No dia seguinte, o Artur Jorge chamou-me à salinha dele. Naquela voz colocada dele disse-me: «se soubesse, tinha-te metido de início». Eu fiquei sem saber o que dizer, mas respondi-lhe que ele tinha sido justo. Esse jogo ficou marcado em mim até hoje. Arrasei aquela defesa: eles olhavam e eu já lá não estava.

iii) sobre Artur Jorge

Tínhamos uma relação de pai para filho. Respeitava-o muito, como treinador e como homem.
Era uma pessoa educadíssima, inteligente e culta. E para ele todos os jogadores eram iguais.
O maior mérito dele era a comunicação
, talvez. Conseguia fazer com que o plantel percebesse a relevância de cada jogo. Nunca o questionei por ser suplente ou titular, nunca. Aceitava as escolhas dele e aproveitava ao máximo o que ele me dava.

iv) sobre o FC Porto

O Pinto da Costa não escolhia nenhum jogador que não fosse também um grande homem. Estudava-nos a todos. Construiu a equipa devagar, minuciosamente, até chegar ao título europeu. Sinto uma grande nostalgia porque todos eram meus irmãos. Se eu estava mal havia sempre alguém disposto a ajudar.
Recordo-me dos almoços de Sexta-feira. Eram fantásticos, mas para participar tínhamos de conquistar a confiança dos jogadores mais influentes. Eu consegui. Dava-me bem com toda a gente, mas tenho de destacar os exemplos do Eurico, do Gomes e do Lima Pereira. Tiveram lesões gravíssimas e nunca deixaram de estar connosco.
Enfim, joguei com o Pelé, defrontei o Maradona e o Van Basten, mas o que mais me orgulha é ter jogado naquele FC Porto.

v) sobre [André £ibras-Boas]

Ele viu-me ao lado do Madjer e disse: «olha que dois!». Ficou mais envergonhado do que eu! Ele é o melhor treinador do mundo da nova geração.
Se o [André £ibras-Boas] quiser eu explico como se faz três golos ao Barcelona! Vão estar frente-a-frente as duas melhores equipas da actualidade.
Mas não duvido que o Hulk ou o Falcao, por exemplo, podem imitar o meu hat-trick. São avançados de enorme categoria!

vi) o seu onze ideal

O meu onze...
Na baliza, Tacconi [Avellino]. Na defesa, João Pinto [FCP], Collovati [Inter], Cattaneo [Avellino] e Beruatto [Avellino]. No meio-campo, André [FCP], Jaime Magalhães [FCP] e Vignola [Avellino, depois Juventus]. No ataque, Altobelli [Inter], eu e Madjer [FCP].
Como treinador, Artur Jorge [FCP].

vii) sobre um «sonho enorme»

[Juary tem 53 anos e, à data da entrevista, era treinador em Itália, levou o Sestri Levante ao quarto lugar na liga regional da Ligúria (no Norte de Itália), para além de sercomentador numa televisão italiana.
É claro que confessou que não perde um jogo do FC Porto...]
Tenho uma boa vida em Itália, possuo uma academia de futebol em Avellino e estou feliz.
Mas tenho um sonho enorme. Sabe qual é? É voltar a fazer parte da família azul-e-branca. Fui convidado para isso há uns anos, até para abrir horizontes ao clube no Brasil. Recusei. Estava embrenhado na minha carreira de treinador e achei que o timing era mau. Agora aceitaria.
A 26 de Agosto próximo o FC Porto reencontra o Barcelona, para a Supertaça europeia.
O palco de glamour será o Estádio Louis II, no Mónaco. Juary está à espera «de um convite do Pinto da Costa» para assistir ao duelo e «quem sabe, ir ao balneário».
['tá esperanduquê*, Presidente? deixa de moleza!
reintegra o moço aí, pô! :) ]

»


ps: os negritos e os itálicos são da minha responsabilidade.

* esperanduquê - título de uma g'anda malha de Gabriel, O Pensador.


ps:
a divulgação desta entrevista deveria ter acontecido a 27 de Maio.
porém, devido a motivos de índole (muito) pessoal, o dia de ontem - coincidente com a data comemorativa em causa - foi dedicado, por inteiro, ao meu Avô.


beijinhos e abraços (enormes, como o piquinino Juary)!
e Muito Obrigado! pela tua visita :)



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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)