fomos guerreiros

© zerozero.pt

caríssima(o),

nesta Páscoa, encontro-me na freguesia de Gouveia, concelho de Alfândega da Fé, terra-mãe dos meus sogros e da minha mais-do-que-tudo.
numa das últimas vezes que por cá estive, conquistámos três preciosos pontos num terreno bastante adverso; foi em Agosto passado e ante o Vitória Sport Club. desse encontro dei conta num post que também se "debruça" sobre esse epi-fenómeno local que dá pelo nome de "café central".
portanto, quis o destino que, numa altura tão decisiva para o campeonato, estivesse novamente em terras transmontanas, para assistir a mais um encontro das nossas gentes com o outro rival da região do (não muito verde) Minho - mas aquele que, no Presente, é o mais guerreiro e igualmente combativo.

porque daquela vez, em que o resultado final foi favorável para as nossas cores e (bastante) adverso para com a dominante em Gouveia, houve algumas retaliações provincianas para com o meu sogro - por parte de elementos menores da povoação é certo, mas mesmo assim desagradáveis, e alegadamente devido ao meu «comportamento provocatório» (tudo porque gritei «gooooloooooo!!!» aquando do mesmo, a plenos pulmões...) -, desta feita resolvi assistir ao encontro na Casa do FC Porto de Alfândega da Fé.
[trata-se da nossa delegação nr. oitenta e cinco, nascida em 2004 - um ano de boa cepa ;) - e que, na última gala dos Dragões de Ouro (2011), sob a presidência de António Alendouro, conquistou o galardão máximo: o de filial do ano do nosso Clube, distinguida com o troféu que dá nome à dita gala.]

mesmo tendo em conta que a partida seria transmitida em canal aberto, e com uma temperatura que, às 19h30m fazia lembrar um dia de Verão, conversei com a esposa e decidimos que não haveria problema: ela, o Guilherme e os meus sogros ficariam pelo centro da cidade (sede do concelho) e eu romaria ao nr. 63 da Rua Alberto José Vergueiro, sozinho mais o meu cachecol de estimação.
em boa hora o fiz, pois o ambiente era só o oposto do que pensava encontrar - um climazinho inóspito para um forasteiro, apesar de um amor comum; o meu sinal indicativo de que era «mais um dos nossos» abriu-me as portas a (cerca de) três horas de plena camaradagem azul-e-branca, a qual só foi interrompida quando a minha esposa me ligou (pela quarta vez!) ameaçando-me de que dormiria «com as galinhas» ;) 

foi (muito) gratificante perceber que, num concelho com pouco mais de 6200 almas - sendo que, em plena Alfândega da Fé, habitam pouco mais de 2000 -, e apesar de todo um ambiente lampiónico (ainda) reinante e dominante, o Futuro pertence-nos.
actualmente a nossa delegação conta com pouco mais de três centenas de sócios inscritos e pagantes com regularidade; mas, garantiram-me que há bem mais portistas na região e que aquele número não serve para amostra, sobretudo nas camadas mais jovens do concelho. assim, será só uma questão de Tempo geracional até que outro "galo" cante bem mais alto do que o actual neste concelho transmontano. ;)

sobre o encontro em si, pouco mais há a escrever a não ser que se (pres)sentiu que havia Querer em vencer (mais) este desafio - o qual aparentava um grau de risco considerável, tendo em conta que jogávamos ante o terceiro classificado, no seu reduto e com dois pontos (três, em caso de igualdade pontual) a separarem-nos.
foi bonito ver que existiu uma entreajuda entre todos os sectores e que todos os nossos artistas estiveram concentrados na partida em causa, do seu primeiro ao seu último segundo. aliás e se assim não fosse, na minha opinião não teria havido o golo que decidiu o encontro - o qual nasceu de uma intercepção de James 'el bandido' Rodríguez a um passe arsenalista transviado, com uma assistência soberba para Hulk, que desencadeou uma arrancada incrível, pela direita da defesa bracarense, que só se definiu com um remate cruzado de pé direito (!!!). 
estavam decorridos (apenas) cinquenta e cinco minutos de jogo e posso garantir-te que houve um enorme bruuáa em Alfândega da Fé que não só na nossa filial; aquele foi audível por todo o concelho, juntamente com os sorrisos cínicos de quem esperava por um desaire e agora se vê sob pressão - a tal pressão «dos outros», como apelidou em tempos (não tão) idos...

duas notas finais, antes de me retirar sorrateiramente pelos fundos, para não despertar quem já ressona profundamente e não perceba de que já são (quase, quase) três da matina:

i) a imagem que embeleza este post é a minha justa homenagem ao principal obreiro deste triunfo;
ii) o facto de Álvaro Pereira ter visto um amarelo que o impede de disputar o próximo desafio só lhe fará bem e retirará uma (quase que certa) dor de cabeça a Vítor Pereira.

ps1:
título "emprestado" deste enorme filme.

ps2:
é impressão minha, ou a Páscoa, este ano, por esta altura, tem os seus tons mais azuis-e-brancos do que o esperado por... sei lá... assim de repente... digamos... seis milhões de almas (de)penadas? ;)

© Bruno Sousa

beijinhos e abraços (triunfantes)! 

e Muito Obrigado! pela tua visita :)