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caríssima(o),
hoje tive um verdadeiro dia filha da p*t@... um verdadeiro dia de cão
(resolução para o ano novo que há-de vir, se a troiKa que os pariu assim entender: tenho que deixar de me expressar em vernáculo, por muito chateado que esteja. é que o Guilherme está a balbuciar as primeiras palavras...)
adormeci tarde e a horas nada recomendáveis para um chefe de família e pai de filhos.
por isso mesmo, só mesmo acordei à terceira vez que o despertador tocou, cerca de meia hora para lá do habitual e próximo do limite para chegar a horas à labuta.
falhou a água quente, pelo que "despertei" bem mais cedo para a realidade de mais um dia no dia-a-dia cá de casa, sem tempo para perceber o que estava para trás e o que viria pela frente.
tive que abastecer o carro "à pressão" porque, na bomba onde era cliente habitual, de há uma semana a esta parte, a gasolina sem chumbo de 95 octanas é já bem mais do que uma miragem e sem que o chefe da estação de serviço tenha uma justificação plausível, coerente e tudo menos economicista, para tal descaramento (ao estilo de um imposto encapotado, próximo de um "ai é assim que o (des)Governo quer? então paguem a de 98 octanas e não bufem!"), não conseguindo garantir uma data em que se preveja o regresso à "normalidade".
o miúdo foi o trajecto todo, de casa ao infantário (sensivelmente quinze minutos), em altos berros por algo que só ele terá percebido.
chegado à labuta, tive que gramar com os sorrisos cínicos, as malditas "palmadinhas nas costas" e os absurdos "já são duas seguidas... olhe que não há duas sem três!", de quem acaba de empatar graças a uma generosa oferta de um seu ex-jogador posteriormente (re)vendido.
a jornada de trabalho foi um pesadelo, quase, quase como o de ontem.
cá por casa, já há água quente mas o jantar foi peixe... e o dia ainda não findou, pelo que...
mas, no meio de toda esta alegria por se estar vivo (que, como se sabe, «é o contrário de estar morto»), felizmente que houve um "oásis", i.e., um momento que me obrigou a acalmar um estado de espírito perturbado e sobretudo ansioso com o que está para vir.
a sua «extrapolação» é o contra-ponto indispensável para adeptos portistas demasiado reflexivos, como Miguel Lourenço Pereira e o inenarrável «adeus Champions, adeus».
(outra resolução para o ano novo que há-de vir, se a troiKa que os pariu quiser que assim aconteça: tenho que deixar de ler os coiso... os artigos de opinião de Miguel Lourenço Pereira no "reflexão portista". é que, para me chatear, já bastam as agruras desta Vida...)
o seu escrito, impregnado de um portismo ímpar (porque único, dado que cada um de nós sente o clube à sua maneira - nem que seja a achincalhar, como os lourenços pereiras desse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera"® ...) -, fez-me recordar, com saudade, as "sepas" (vulgo cachaços) que recebi do meu Avô quando duvidava da capacidade de luta do nosso clube do coração e mormente questionava tudo e todos na sua estrutura - à data, "a dar os primeiros frutos", pois que estávamos nos finais da década de '80.
nesses momentos de dúvida juvenil, em que a minha adolescência não me permitia "ver" para lá do óbvio - mormente os resultados finais dos jogos menos bons e/ou menos conseguidos -, o sr. Lima obrigava-me a puxar pela cabeça e a perceber as razões que estariam por detrás desse(s) desaire(s). invariavelmente começava com a pergunta sobre se considerava que os jogadores tivessem honrado a História da camisola que envergaram. se concordávamos que a resposta era negativa, a discussão terminava ali e sofríamos até ao jogo seguinte, onde se esperava que a resposta fosse dada dentro do campo e a dignidade em pisar o relvado das Antas com a nossa cor fosse reposta perante os adeptos. se havia concordância em que houve brio em vestir o nosso manto sagrado, tentaríamos descobrir aquelas "tais" razões que muitas vezes escapam ao olhar de quem segue apaixonadamente a partida de futebol, mas que estão sempre lá: a concentração de determinado jogador, a forma de abordagem ao adversário nas questões defensivas, o desenho táctico do ataque, a forma como se ensaia as bolas paradas, o mérito do adversário (sobretudo quando este estacionava o "autocarro" no sítio em que deve de ser: no parque próprio para o efeito). mas sempre, sempre!, nessa lições que recordo com imensa saudade, não poderia haver lugar à ingratidão, i.e., só porque o resultado final de um jogo fora diferente do desejado, não poderia "cuspir" num prato que começava a alimentar a minha Felicidade, e que se mantém já em idade adulta, questionando tudo e todos. porque pertencia a uma geração com bem mais experiência de Vida, invariavelmente me avivava a memória com os dois longos jejuns de títulos, de 16 e 19 anos sem sentir o sabor da conquista de um campeonato:
« aproveita bem esta fase! qualquer dia ela acaba - porque não é possível vencer sempre! - e tu vais estar a desejar que o clube só tivesse perdido um jogo, como desta vez, ao invés das consecutivas que estarás a experimentar. olha que eu sei o que é ser enxovalhado todos os finais-de-semana durante dezanove anos seguidos! portanto, não te queixes! », dizia, seguido do pertinente cachacito, a ver se atinava.
portanto, bem-haja! caríssimo Vila Pouca pelas palavras que a seguir reproduzo, para memória futura, que me fizeram pensar e vir à memória tempos que guardarei até ao meu último suspiro.
se com o meu Avô cresci para o meu portismo, consigo e com 'bloggers' como o sr., tenho-o amadurecido. as suas palavras foram, de facto, um raio-de-Sol num dia (demasiado) cinzento.
«
Público do Dragão
Já fiz vários posts sobre assobios e assobiadores [...]. Não vou, portanto, aprofundar a questão, mas depois do que aconteceu ontem, importa dizer mais qualquer coisa.»
O público do Dragão é exigente, a isso foi habituado, mas percebe de Futebol e é justo - também aqui há obviamente excepções. Ontem, mesmo perdendo, despediu a equipa com aplausos e, com o suporte das claques, nunca deixou de dar ânimo, carinho e o estímulo de que ela precisava para lutar e conseguir outro resultado. Pelo contrário, mesmo ganhando ao Trofense, a equipa saiu apupada. Porque será?
Para mim, que conheço o público portista há dezenas de anos, desde o tempo do célebre "Tribunal das Antas", a resposta é: porque podemos sempre empatar ou até perder, mas temos sempre de sair do campo com a certeza de que fizemos tudo para ganhar. Temos de ter sempre a certeza de que, quem veste a camisola do FC Porto, a honra com profissionalismo e dá sempre o seu máximo.
«este é o nosso destino»:
«a vencer desde 1893»! | winning since 1893!
Não tens nada que agradecer, eu também aprendi muito do portismo com o meu avô. Mas não sou um iluminado. Era o que faltava, eu que nunca geri, nem um clube de bairro, dar lições de gestão a quem 30 anos de provas dadas e com resultados que vão para lá do sonho.
ResponderEliminarAbraço