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muito gentilmente pedi-lhe:
"o FC Porto joga hoje... podes tratar do menino após dar-lhe o banho?"
sorriu-me e o olhar terno disse-me que estava com Sorte.
ainda o Guilherme estava a entrar na banheira, e ouvi:
"já adiantei o jantar; vai lá ver o futebol que eu também lhe dou o banho".
dirigi-me ao sítio habitual onde guardo religiosamente os meus mantos sagrados e coloquei o cachecol da Boa Fortuna à volta do pescoço. sentei-me no meu sofá de sonho (e de muitos e bons... roncos) e vi que só cheguei atrasado oito minutos. retirei o som à tv (como sempre, sobretudo se é a estação de Queluz (não, obrigado! não fumo!) a transmitir os jogos) e comecei a sofrer.
mas, o receio inicial que se apodera de mim (e não só, visto que não sou o único) cedo me abandonou.
efectivamente, não tinha razão de ser. estávamos a controlar o actual quarto classificado de La Liga - uma das melhores do Mundo. mandávamos no jogo. o pressing constante sob o portador da bola desnorteava-o, obrigando a errar, e lá recomeçávamos o ataque. ainda o cronómetro não tinha chegado à quinzena de minutos, e surgia uma estatística curiosa: tínhamos quase 65% de posse de bola. mas, esta posse era objectiva, teve sempre um fundamento: a procura do golo e o evitar que o adversário se acercasse (com perigo) do nosso último reduto.
efectivamente, não tinha razão de ser. estávamos a controlar o actual quarto classificado de La Liga - uma das melhores do Mundo. mandávamos no jogo. o pressing constante sob o portador da bola desnorteava-o, obrigando a errar, e lá recomeçávamos o ataque. ainda o cronómetro não tinha chegado à quinzena de minutos, e surgia uma estatística curiosa: tínhamos quase 65% de posse de bola. mas, esta posse era objectiva, teve sempre um fundamento: a procura do golo e o evitar que o adversário se acercasse (com perigo) do nosso último reduto.
acontece que o Málaga, a equipa-sensação da prova (que passou incólume num grupo em que disputou o acesso aos oitavos-de-final com Zenit e AC Milan, tendo registado dois empates, com golos, na casa destes dois adversários) foi «apenas e só» mais uma equipa que, no nosso teatro de sonhos, se limitou a jogar muito na expectativa, bastante retraída, com o "bloco" baixo, a apostar nos contra-ataques venenosos e em distribuir sarrafo velho enquanto o árbitro deixou.
assim, chegado o intervalo (num ápice: pareceu que os quarenta e cinco minutos foram só para aí vinte), os números pecavam por defeito e o empate a zero era demasiado lisonjeiro para o clube andaluz, tal a força do FC Porto. só faltava mesmo o golito que desbloqueasse aquela muralha vinda de terras onde "nem bom vento, nem bom casamento" e muito menos bom comportamento.
"vou arrumar as coisas lá dentro, ok?", disse-lhe eu com o carinho que consegui na altura.
o coração batia descontrolado, o pensamento estava junto dos (quase) quarenta e três mil adeptos no Dragão (descontados os espanhóis), o desejo era o de que o "tal" golo surgisse na segunda parte, a vontade era a de conseguirmos o feito de passarmos aos quartos,...
e por falar em "quartos", todos estes pensamentos surgiram no decurso dessa rotina diária de arrumar o que ficou de mais uma banhoca do meu filhote, de preparar o seu quarto para o sonito que se deseja pacífico e de me sentar à mesa para jantar com a minha esposa (que tinha acabado de o fazer ao rei cá de casa).
"não estou com muito apetite. a segunda parte está quase a começar... como quando acabar o jogo, ok?"
sei que estava a abusar da Felicidade, mas resolvi arriscar. não estava com apetite, não me apetecia comer fosse o que fosse e só pensava em regressar ao meu lugar de sonho, na minha sala de estar. sei que não estou sozinho nesta forma de viver os jogos... correu bem.
também correu (muito) bem aquela aposta de Alex Sandro em não desistir de um lance aparentemente perdido para o defesa do Málaga, aguentar duas cargas deste, desferir um sprint que o deixou "nas covas" e centrar milimetricamente para João Moutinho bater - finalmente! - o Willy (não é esse, é o Caballero...). fazia-se justiça, não só no Dragão, mas no marcador (que teimava em não ceder a nosso favor) *.
estávamos no minuto 56', explodia de felicidade (in)contida, extravasava todo o sofrimento até então e, na cozinha, apesar do berro "goooloooo!!!", o Guilherme sorria. foi a minha esposa que o confirmou, pelo que não tenho como duvidar.
assim como não duvido que são estes jogos que fortalecem o espírito de grupo e a união dos jogadores que partilham um mesmo balneário durante uma época inteira. aquele "abr@ço grupal" junto à bandeirola de canto quis dizer muita coisa (boa, claro!).
este FC Porto "respira" e "transpira" tranquilidade!
nesta altura do encontro, pensava de mim para comigo que os jogadores da nossa equipa do coração defrontavam um clube com um orçamento que já foi escandaloso, repleto de nomes sonantes e de "estrelas" em vias de se tornarem Ocaso (mas mesmo assim, estrelas), vulgarizando-as.
os nossos bravos heróis não tinham medo de "pôr o pé", de (in)tentarem chegar primeiro, de colocar pressão em torno do jogador que não vestia um manto sagrado como eles, inclusive de "comer a relva" se caso fosse necessário. as estatísticas oficiais que surgiram perto do minuto 70' evidenciavam este querer: tínhamos uma posse de bola perto dos 70%, um total de 14 remates (7 à baliza) e já não posso precisar o número de cantos a nosso favor (mas era muito superior ao do clube espanhol).
"podemos?", disse-me com algum receio, por poder estar a importunar.
de pronto sentei o puto ao meu lado e transferi-lhe o que espero vir a ser um legado meu: enrolei o meu cachecol em torno do seu pescocito. não se intimidou, gostou e com ele permaneceu até final da partida.
esta chegara com o regresso de Atsu e de James aos confrontos na principal montra do Futebol Mundial - a Champions League -, com a "normal" quebra de intensidade na sua recta final (estamos a "falar" de homens de carne e osso, não de máquinas) e com o doce sabor de uma vitória que, mas do que merecida, abre-nos francas perspectivas face aos (espera-se que sejam só) 90' que restam desta eliminatória.
uma palavra para o russo Ismaylov: um jogaço, para quem já não competia a este nível... desde que está em Portugal, «penso eu de que».
entretanto e enquanto escrevo estas linhas, encontro-me no meu solitário local de sempre, nestas andanças pelo "maravilhoso mundo da bluegosfera"®.
o Guilherme já está a dormir com os anjinhos e a esposa retirou-se sorrateiramente pelos fundos para lhe fazer companhia, que o dia foi árduo (também) para ela.
ah! e continuo sem apetite e com o cachecol de volta ao meu pescoço...
* entretanto e enquanto pesquisava por uma imagem, para embelezar este escrito, deparei-me com uma notícia que refere que o golo do João Moutinho foi em fora-de-jogo. nesta, consta que o internacional luso beneficiou «de uma posição milimetricamente irregular».
o jornalista só se "esqueceu" foi de referir que, na primeira parte, houve um penalty que foi perdoado ao Málaga, por carga de Antunes sobre o Varela...
o jornalista só se "esqueceu" foi de referir que, na primeira parte, houve um penalty que foi perdoado ao Málaga, por carga de Antunes sobre o Varela...
pois então, já que estamos numa fase em que o vernáculo se está a tornar corrente, inclusive neste espaço, apetece-me vociferar:
que ressabiados do car@**o! c'a filhos de uma g'anda p**@! f**@-se lá para os p@nel****s da m**d@!
não são capazes de ficar satisfeitos com uma vitória azul-e-branca...
é que não havia necessidade, porr@!
Faltou Cha a um Porto de honra
ResponderEliminar42.209 espectadores, grande ambiente, muito entusiasmo, muito apoio do público portista, mas também de realçar o forte apoio ao Málaga, por parte de mais de 3000 espanhóis.
Jogo grande, de Champions, intenso, disputado, daqueles que o tempo passa a correr. Porto melhor, muito melhor, numa exibição de qualidade e que justificava, pelo menos, mais um golo.
Entrando forte, concentrado, organizado e pressionante, apesar de algum nervosismo atrás, no início do jogo e por parte de Mangala, o conjunto de Vítor Pereira dominou os 45 minutos iniciais e fez o suficiente para ir em vantagem para o descanso. Não foi, porque apesar de ser dono da bola, procurar atacar bem por ambos os lados, ter jogadas de belo efeito, como disse há dias atrás, falta à equipa portista a contundência no último terço do campo, o poder de fogo que ajuda a desbloquear as situações mais complicadas. Isso e hoje, um Cha Cha Cha, complicativo, abaixo das suas possibilidades e a tentar forçar nas jogadas individuais, quando se pedia toque, desmarcação e objectividade - tem a seu favor ter de lutar contra uma dupla de centrais fortes e que nunca lhe deram tréguas.
A etapa complementar foi muito parecida com a primeira, mas com duas nuances que merecem referência: uma, obviamente, o golo de Moutinho, o melhor jogador em campo - houve outros muito próximos na qualidade exibicional, mas fica mais lá para a frente. Outra, a partir do minuto 75 começou a faltar ao F.C.Porto a frescura física que teve até a esse momento. Normal, primeiro, porque foi a equipa portista que teve toda a despesa do jogo e isso desgasta. Segundo, porque jogos com este ritmo e intensidade são raros no futebol português, isso vira-se contra a equipa azul e branca. E assim, mesmo com técnico portista a mexer bem - apesar de me parecer que Izmaylov devia ter saído primeiro que Varela -, Atsu ter cumprido e James já ter dado um cheirinho da sua qualidade - Castro entrou já no fim -, já não havia a clarividência, nem a capacidade explosiva para ir mais longe.
De toda a maneira e apesar da superioridade do F.C.Porto merecer mais um golo, foi um resultado que permite encarar a segunda mão com optimismo e sonhar com a passagem aos quartos-de-final. Não vai ser fácil, a equipa espanhola a jogar em casa e apoiada pelo seu público - hoje deu para ver como será esse apoio...-, vai ser um adversário complicado, mas acredito na capacidade, qualidade e experiência do bi-campeão português para seguir em frente. Com o Málaga a ter de correr atrás do prejuízo e para isso ser obrigado a dar mais espaços, acredito na capacidade da equipa portista para marcar, mas para isso temos ser eficazes e aproveitar as oportunidades.
Abraço
escrevi por aí, nesse "maravilhoso mundo da bluegosfera"®:
ResponderEliminar«
caríssimas(os),
grande jogo! bravos heróis! valente Vítor Pereira!
(resultado só peca por escasso. e a «gloriosa» azia espanhola é... a cereja no topo do bolo)
ps1:
mesmo com tal confiança, ainda faltam (espera-se que só) noventa minutos.
ps2:
há quem persista na crítica destrutiva, considerando que assim está a apoiar o nosso clube do coração. são visões...
há que respeitar, não é? é como os assobios para a nossa equipa do coração: temos que "gramar" com eles...
somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
Miguel | Tomo II
«
Parabéns! És um tipo cheio de sorte.
ResponderEliminarCá para os meus lados não conto com esse tipo de complacência.
Ontem vi a primeira parte, e nem tive de tirar o som à televisão, porque estive a aturar um berreiro completamente insano.
Enquanto o gajo fazia birra, que não queria comer, eu via o futebol - coisa que também não lhe agrada.
Infelizmente, quando pensava que também ia poder ver a segunda parte, o sacaninha lá se decidiu a comer.
Azar o meu, que depois disso só pude ver os dez minutos finais, e o resto na gravação.
Abraço
Alex F.
Bela exibição num jogo de uma só via, em função da asfixia do futebol portista que obrigou o Málaga a recuar no terreno durante toda a partida.
ResponderEliminarO resultado pela diferença mínima tem a ver com a falta de eficácia no remate. Izmaylov perdeu um golo quase certo, no início da segunda parte, quando bem colocado, perto da baliza, meteu mal o pé e a bola perdeu-se escandalosamente pela linha de cabeceira.
Gostei de toda a equipa, que actuou ao seu melhor nível, banalizando um adversário que tinha dominado o seu grupo, com Milan e Zenit. Não posso porém deixar de destacar dois nomes que foram enormes: Alex Sandro e João Moutinho, curiosamente os protagonistas do golo.
Um abraço
Caro Miguel,
ResponderEliminarse me permitem a ousadia, o FC Porto banalizou o Málaga. Pensando melhor não estou a ser ousada, estou sim a ser realista,
afinal de contas os espanhóis não conseguiram, em momento algum, dificultar a vida do bicampeão português. Com uma exibição que deu gosto de ver, a vitória
do FC Porto foi, por isso, completamente justa e incontestável e, na minha opinião, ficou apenas a faltar mais um golo ó meus! Enfim. O principal objectivo
foi cumprido: ganhar e não sofrer golos. Ah, tenho de referir que para mim Moutinho é enorme! A eliminatória está a meio e o FC Porto está em vantagem,
mas é necessário ser realista, a segunda mão não vai ser pêra doce.
PS. Grande ambiente nas bancadas do Dragão!
Cumprimentos
Ana Andrade
www.portistaacemporcento.blogspot.com
www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com
Caro Miguel !
ResponderEliminarSim Miguel, grande jogo! bravos heróis! valente Vítor Pereira!
(resultado só peca por escasso. e a «gloriosa» azia espanhola é... a cereja no topo do bolo)
De acordo,
Abraço,
AM
ResponderEliminar
Grande exibição dos Dragões esta noite que não deram a mínima chance aos avançados do Málaga de chutarem com êxito à baliza do Helton!
ResponderEliminarPerante uma equipa, a do Málaga, recheada de grandes nomes do futebol mundial, a equipa portista mesmo sem esmagar provou para já, que é melhor equipa e ganhou o jogo com todo o mérito! Veremos no futuro, no próximo dia 13 de Março em Málaga, se se confirma ou não o meu raciocínio.
Hoje os portistas controlaram o jogo de princípio ao fim, não permitindo quaisquer veleidades aos contrários. Os Dragões foram neste jogo, uma equipa segura, consistente a defender e conseguiram produzir algumas jogadas muito bem concebidas e melhor postas em prática que só não surtiram o efeito desejado devido a alguma ineficácia no capítulo do remate, mas também falta de sorte, na finalização.
De louvar a atitude e o espírito colectivo da equipa. Hoje a equipa do FC Porto funcionou em bloco, jogando muito bem na defesa e no meio-campo, pelo que o adversário não teve oportunidade de mostrar o seu futebol, o qual se percebe por alguns rasgos exibidos por eles, que deve ser bastante perigoso se o deixarem explanar, ou seja, desenvolver. Já o ataque embora não se podendo dizer que jogou mal, não conseguiu contudo ser 100% eficaz.
caríssima Ana, caríssimos,
ResponderEliminarmuito obrigado! pela vossa visita e pelas vossas palavras
no fundamental:
penso que ganhámos todos com a exibição de Terça-feira, apesar de estarmos no "intervalo" de um jogo de 180'.
pena que nem todos os portistas pensem assim...
somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
abr@ços a «ambos os seis» :D
Miguel | Tomo II