quinta-feira, 15 de novembro de 2012

daqueles insultos, que são o argumento dos fracos... [actualizado]


 
© Google


caríssima(o),

reproduzo, na íntegra, um lamentável episódio contado na primeira pessoa, pela pena do nosso Wilson Davyes, o qual tive conhecimento por intermédio do "Pronúncia do Dragão".

como o Paulo afirma (e bem!), «o insulto é o argumento dos fracos».

«

Caros amigos,

É com um misto de determinação e de profunda consternação que partilho convosco o que me vai na alma. Determinado a quê? Difícil especificar. Porém,estou seguro de que é minha obrigação denunciar a situação que ontem [Terça-feira, 13 de Novembro] vivi.
Jogo andebol desde os onze anos.
Já ganhei e já perdi bastantes vezes, como é normal num desporto.
Muitos foram e felizmente continuam a ser, os dias em que o andebol me faz sentir realizado, pois considero-me um privilegiado por ter a possibilidade de me dedicar a 100% ao que mais gosto e de ainda ser pago para isso.
No entanto, considero que, apesar de toda a competitividade que é inerente ao jogo, há um conjunto de Princípios e de Valores que são imprescindíveis - para mim pelo menos. Defendo que a vontade de ser melhor do que o adversário não me dá o direito de humilhá-lo. Também aceito que o jogo, sempre imprevisível, leve a determinados estados de espírito, quer de euforia (em caso de vitória), quer de frustração (em caso de derrota), sendo que independentemente do resultado final, o respeito pelo adversário deva ser imperativo!
Contudo, há determinados comportamentos que ultrapassam o campo desportivo, revelando o real carácter e infelizmente em alguns casos, a (pouca) formação cívica de alguns atletas/homens.
Passando à situação em concreto, ela aconteceu durante o SC Horta vs. Porto de ontem, dia 13, no decorrer da segunda parte.
Num lance em que me encontro a lateral esquerdo, na tentativa de ganhar superioridade para o ponta do mesmo lado, sou placado - sim!, placado -, pelo ponta direita da equipa da casa, cujo nome é Afonso Almeida, indo de seguida para o chão.
Confesso que fiquei estupefacto pela acção, digna de um jogador de râguebi, pelo que olhei fixamente para a pessoa em questão para demonstrar a minha reprovação. Num acto que não só revela o elevado respeito que o dito "jogador" tem por uma etnia diferente da sua, como também a elevada formação cívica que possui, sou confrontado com um, passo a citar, «o que queres, preto?».
De seguida, levantámo-nos simultaneamente e, num acto de "justiça" salomónica, somos ambos sancionados com 2 minutos. Sem perceber esta noção de "justiça", dirijo-me para o banco de suplentes onde constato que o "jogador" igualmente sancionado me dirige um "convite" para me aproximar do local onde ele se encontra - num claro convite a uma cena de pancadaria - ao que respondo, e cito, «vem cá tu!».
Mais uma vez, sou alvo da dita "justiça", que me volta a sancionar com 2 minutos, fazendo assim um total de 4 minutos em que apenas eu estaria impedido de participar no jogo.
Admito que possam ser feitas várias leituras da situação.
Não pretendo ser nem "o bom", nem "a vítima". Até pode haver quem defenda, como infelizmente já ouvi, «então mas tu ficas ofendido?! Tu és preto!».
Imaginam uma sociedade onde tratamos os nossos pares consoante as suas características físicas e não pelos nomes?
Obviamente que não tenho qualquer complexo em relação à minha cor; vivo bem com a minha condição e aceito-me como sou, assim como aceitaria caso fosse outra a minha cor/etnia.
O que não entendo é como não estão previstas sanções para os que incorrem neste tipo de atitudes - como acontece, por exemplo, em Inglaterra, onde ao capitão da selecção inglesa, John Terry, foi retirada a braçadeira de capitão de equipa depois de ter dirigido insultos racistas a um adversário.
Considero triste haver quem ainda recorra a este tipo de repertório, a meu ver, ultrapassado!
Para concluir, deixo um apelo - um apelo a todos os que, como eu, se sentem privilegiados por fazerem disto a sua vida:
Respeitemo-nos uns aos outros.
Quando nos respeitarmos uns aos outros, estaremos em condições de exigir que respeitem a nossa classe e que nos sejam dadas as condições que merecemos.

Grato,
Wilson Davyes

»

fonte: pronúncia do dragão (2012-11-14)
ps: os negritos, os sublinhados e os itálicos são da minha responsabilidade.


quem foi o "afonsinho" que proferiu o insulto?
esta figurinha aqui:
 




ps:


entretanto, o Paulo, administrador do "Pronúncia do Dragão", recebeu a visita "cordial" de alguns fervorosos adeptos do SC da Horta.
estes últimos, gentilmente disponibilizaram um vídeo sobre o lance em causa.
na minha opinião, o que se vê a partir dos 34'', é (de facto) uma placagem «digna de um jogador de râguebi», seguida de um pedido de desculpas por parte do "afonsinho" que, a quente, o Wilson Davyes não acatou, ao que o "afonsinho" retorquiu com um comportamento básico (porque primitivo) digno de alguém que pode ser conotado como racista.
a quem não compreende a atitude do jogador do FC Porto, em resposta a um lance de muito pouco profissionalismo e inclusive de desportivismo, respondo assim, e socorrendo-me de um comentário do "huntergratzner", na caixa dos ditos, no vídeo em questão:

«

Pode ser que um dia leves um soco no focinho seguido de um pedido de desculpas.
Espero que tenhas a decência de aceitar as desculpas, depois.

»




6 comentários:

  1. Boa tarde Miguel,


    Um episódio lamentável este.

    Esperemos que a Federação haja em conformidade e que esta situação não se volte a repetir.

    Abraço e boa semana

    Paulo

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  2. http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bzodV6ogQwE

    Para espalharmos notícias, devemos primeiro ter a certeza de que as coisas são como nos contam. O vídeo explica tudo.

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  3. Caro Miguel,
    A situação lamentável que teve Wilson Davyes e um adversário como protagonistas, é profundamente lamentável. É lamentável a atitude do jogador do FC Porto, mas também o é a do adversário. O respeito pelas diferenças deveria ser, não só no desporto como em todos os contextos, algo obrigatório. Não somos todos iguais, não temos as mesmas culturas, as mesmas raças ou etnias, não temos os mesmos gostos, mas respeitar cada um deveria ser regra básica do civismo e do respeito.

    Cumprimentos

    Ana Andrade

    www.portistaacemporcento.blogspot.com
    www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com


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  4. permitam-me começar pelas senhoras :D

    @ Ana

    o « respeito pelas diferenças » foi tema de um encontro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no dia de ontem (Sexta-feira).
    o tema foi interessante: « não nascemos racistas, tornamo-nos racistas ».
    até contou com a presença de Thuram e tudo.
    será que o "Afonsinho" esteve lá? duvido...

    @ Paulo

    tu foste o motor, ao divulgares a visão do lado do nosso atleta.
    os anónimos (afectos ao SC Horta? duvido...) que entretanto te visitaram, só ajudaram a confirmar o que o Wilson Davyes escreveu no faceboKas.
    obrigado! pela divulgação ;)


    @ André Macanga

    a hiperligação no teu comentário remete para os confrontos da greve geral.
    (é um off topic pertinente, sim senhor. obrigado! pela partilha)

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
    Miguel | Tomo II

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  5. Boa tarde Miguel,

    É caricata a defesa dos anónimos que visitaram o "pronuncia" em relação ao atleta em causa, mas é com satisfação que verifico que o Sporting da Horta tem bastantes adeptos e alguns deles acérrimos, o que é salutar para o crescimento desta modalidade que tem vindo a ser dominada pelo FC Porto nos últimos anos.

    Quanto à cabeçada, não deslumbro alguma. Ao segundo 27 deste vídeo vê-se Wilson a ser "abraçado" e a tentar soltar-se abrindo os braços, algo normal na prática desta modalidade. Portanto nenhuma agressão!

    Aos 35 segundos vê-se a placagem "digna de um jogador de râguebi", e percebe-se efectivamente que Afonso Almeida dirige palavras a Wilson para tentar emendar a contenda e talvez tentar amenizar a punição.

    Wilson não aceita as desculpas, pois já estava farto das constantes entradas deste atleta sobre si, e dirige-lhe efectivamente um insulto "típico" em qualquer modalidade.

    "Filho da puta, vai-te foder, ou larga-me caralho" pelo menos aqui no norte, quando proferidos, não são no intuito de insultar "a família".

    No vídeo verifica-se que Afonso Almeida chamou "preto" a Wilson, o que também não significa que Afonso Almeida seja um militante de extrema direita.

    Abraço e obrigado por divulgares este assunto, pois não há virgens ofendidas, o importante é o respeito e fairplay entre atletas.

    Paulo

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  6. @ Paulo

    parafraseando o caríssimo Vila Pouca,
    « todos somos poucos nesta luta desigual » :D

    nós é que temos que te agradecer pela partilha de um episódio (lamentável) que, à data (2012-11-18) ainda não vi noticiado em qualquer órgão de Comunicação Social digno desse epíteto...

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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