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[...]Por isso mesmo era importante que Cavaco Silva percebesse urgentemente o que está em causa e pusesse fora do Poder um (des)Governo que não tem um projecto.
Pior: um (des)Governo que acentua, a cada dia que passa, de forma desesperada, uma clientela de interesses que vai instalando no Estado e que se perpetua através da legislação que produz.
Uma corrida contra o tempo particularmente evidente na área dos recursos naturais, por exemplo, onde as decisões sobre estimular a plantação de eucaliptos por todo o país, restringir as reservas ecológicas ou permitir o esventramento mineiro são atitudes inimagináveis num país europeu que percebe o caos climático para o qual caminhamos.
Nas questões das Finanças, o (des)Governo não está apenas a falhar no controlo da despesa: é sobretudo a forma como não percebe que é necessário olhar para a Grécia e ver que, no método, nada já nos separa daquele fim excepto uma questão de tempo. Porque o processo de descrença de empresários e trabalhadores no País necessita de um plano credível para dar um sentido ao trabalho e ao investimento - para que o único pensamento sensato na boca de toda gente não seja «emigrar».
Nada é mais fundamental, como afirmou Miguel Cadilhe, do que renegociar toda a dívida para o muito longo prazo, com juros muito mais baixos, de forma a que a nossa escalada de dívida não passe dos 120%, em que já está. E claro, exportar, trabalhar e cortar nalguma despesa no Estado.
Estamos no último momento para evitar a espiral irreversível rumo ao caos.
Por favor, sr. presidente, decida-se!
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autor: Daniel Deusdado | jn.pt (2012-11-15)
ps: os negritos, os sublinhados e os itálicos são da minha responsabilidade.
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O que terão pensado os meus alunos da Universidade ao ouvirem o Primeiro-ministro e o Ministro das Finanças, afirmarem, perante as câmaras de televisão, precisamente o contrário do que lhes ensinei e que leram nos livros de Macroeconomia e de Finanças Públicas?
Porque estamos em época de exames, entendi que era meu dever não ficar calado.
O argumento é falso.
Quando o crescimento económico de um país abranda, a política correcta é precisamente deixar que a receita fiscal baixe automaticamente e não cortar na despesa pública. [...] Se, quando um país é atingido por uma crise económica, se cortasse a despesa pública, a crise ainda se agravava mais. É por isso que não se deve fazê-lo.Como é que é possível que os assessores do Primeiro-ministro não lhe tenham explicado que este é um caso em que não há similitude entre o comportamento correcto para as famílias e para o Estado?
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autor: Aníbal Cavaco Silva
(2001, em "Crónicas de uma Crise Anunciada")
fonte: Ricardo Araújo Pereira | visao.sapo.pt (2012-11-14)
ps: os negritos e os sublinhados são da minha responsabilidade.
... enquanto o sr. Presidente da República (não) se decide,
eu «vou ali e venho já!» ;)
eu «vou ali e venho já!» ;)
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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)