quinta-feira, 16 de agosto de 2012

um grito de revolta

 

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[…]

Eu não viria de modo algum falar neste assunto se a ‘Imprensa’ da Capital pusesse um pouco de parte o seu facciosismo e fizesse com imparcialidade e lealdade o relato de todos os desafios. Mas assim não procedeu e os jornais que têm a sua ‘secção desportiva’, e que pelo menos costumam anunciar aos seus leitores os resultados dos desafios, deixando desta vez de o fazer.

[…]
O desafio, jogado contra o Benfica, em Sete Rios, foi ganho pelo FC Porto, por 3-2. 
No dia seguinte, este resultado não foi noticiado em nenhum dos jornais de Lisboa que mantêm ‘secção desportiva’. A razão deste silêncio? É simples: Lisboa, em Futebol, há dez anos ou mais, que estava habituada a vencer o FC Porto, conseguindo vitórias mais ou menos fáceis, mais ou menos difíceis. Este ano o FC Porto quis vencer e venceu; e para isso trabalhou com vontade, desfazendo assim a ideia que muitos tinham de ser impossível e tão cedo, o Norte triunfar do Sul. Eis a razão por que foi tão pouco falada a vitória dos portuenses.
Quanto aos jornais desportivos, um deles, que por sinal costuma trazer uma resenha bastante desenvolvida dos bons desafios, limita-se a fazer uma pequena apreciação (que por acaso não condiz nada com o título), e essa mesma feita em tipo pequeno, como que a ver se passava despercebida.
Inclusivamente, em lugar de dizer, "o FC Porto venceu o Benfica", diz "team do Porto vence o Benfica". Faço esta pequena observação, que poderia parecer sem importância, mas é para que todos fiquem sabendo que o grupo que foi a Lisboa é única e exclusivamente de elementos do FC Porto e não com alguns do Oporto Cricket Club, como um outro jornal desportivo da capital fez constar.

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fonte: Bibó FC Porto, carago!
ps: os negritos, os itálicos e os sublinhados são da minha responsabilidade.


caríssima(o),

o excerto do «grito de revolta» acima transcrito (como lhe chamou o caríssimo Fernando Moreira, mais conhecido por "dragão azul forte" no "Bibó Porto, car@go!") é da autoria de uma antiga glória que defendeu as nossas cores de forma acérrima e abnegada (e como facilmente se comprova), de seu nome Alexandre Cal.

no seu teor, Alexandre Cal refere-se ao desafio de 04 de Abril de 1920, frente ao eterno rival, disputado em Sete Rios (bem no coração da capital do Império). 
dessa partida há a salientar que « numa tarde histórica, o FC Porto conseguiu, enfim, bater o Benfica. Por 3-2. O FC Porto esteve a vencer por 3-0, com golos de Alexandre Cal (2) e Joaquim Reis. O Benfica reduziria para 1-3, mas, antes do segundo golo dos encarnados, os portistas perderam duas grandes penalidades - "Uma foi enviada às mãos do guarda-redes do Benfica. Outra passou ao lado da baliza". Nessa exibição do FC Porto, apareceu pela primeira vez na sua equipa o admirável Norman Hall. Já nessa altura a imprensa de Lisboa dava pouco destaque às vitórias do FC Porto mas, como a foto documenta e quase uma semana depois [!!!], o "O Sport de Lisboa" não deixou passar em claro o triunfo, e acentua que os portistas ganharam "com superioridade". »

o título de imprensa pertinaz e orgulhosamente portuense "O Primeiro de Janeiro" fez eco do que é escrito no último período da citação acima; atente-se bem nas seguintes linhas:

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O nosso Campeão venceu o fortíssimo agrupamento da Capital por 3-2. É um resultado que deve animar extremamente os nossos amadores de futebol, amigos da sua terra. 
O que é estranhável, e até certo ponto digno de censura, é o facto de nenhum dos jornais de Lisboa se referir a este encontro, noticiando o seu resultado, quando é certo que, quando os portuenses perdem, a imprensa local está sempre pronta a fazê-lo. 

A verdade, porém, é que desta vez e em campo "estranho", o FC Porto conseguiu vencer o Benfica numa luta renhida e interessante, na qual foi necessário empenhar todos os esforços e energias.
O Benfica apresentou-se com o seu melhor núcleo de jogadores, o que torna a vitória do FC Porto duplamente honrosa. Esse resultado foi de 3-2, sendo os golos do Benfica marcados de ‘
penalty’

Salientaram-se, por parte do FC Porto, o keeper Lino, o half Floriano e os forwards Alexandre Cal e Norman Hall.

A assistência, que era numerosa, reconheceu o valor da equipa portuense e manifestou-lhe, por vezes, a sua simpatia [!!!].

»


noventa e dois anos depois (!!!) do que é descrito nas linhas anteriores, é com um misto de profunda revolta interior e tristeza sarcástica que constato que ainda persiste aquele «facciosismo», generalizado a toda a Comunicação Social portuguesa - mas com o expoente máximo da parcialidade a se revelar no canal (muito pouco, ou quase nada) público de televisão (dado que a SIC, a TVI e o pasquim da Travessa da Queimada mais não são do que órgãos de comunicação oficiosos de um certo e determinado clube dito «glorioso»).

se dúvidas houver do que afirmo, refiro três breves exemplos:
1) a lisura com que aquela mesma Comunicação Social branqueia o caso "Paulo Pereira Cristóvão" (já se passaram quatro meses e... ainda se aguardam por conclusões), se comparado com a forma como se insurgiu aquando dos processos "Apito Dourado" e "Apito Final";

2) o enfado com que se vê compelida a noticiar «episódios caricatos» cujos protagonistas são afectos à agremiação lampiónica de Carnide, quase sempre desculpando-os e desresponsabilizando-os na apresentação das peças jornalísticas - o que não se verifica quando factos em tudo idênticos são desempenhados por atletas que envergam o nosso manto sagrado;
3) a desfaçatez com que o director de programas do canal (muito pouco, ou quase nada) público de televisão procedeu à substituição do comentador residente afecto à causa lampiónica, no "Trio de Ataque", irresponsavelmente preterindo um benfiquista cordato e civilizado por uma abécula nojenta, primitiva, primária e básica (e que muito provavelmente deve entrar de lado no estúdio) - "cagando de alto" para os tele-espectadores do dito, preferindo a lavagem de roupa suja à etiqueta e à cortesia.

penso que nada mais haverá a acrescentar, pelo que serve esta "posta de pescada"® para memória futura e (in)tentar contrariar muito boa (?) gente que por aí gravita, que se considera dona e senhora da Verdade desportiva ou outra qualquer), "esquecendo-se" que a sua cor clubística preferida também tem telhados de cristal.

"disse!"


4 comentários:

  1. Indubitavelmente o clube do regime será sempre conotado com o 5LB.

    Este teu post é disso uma prova - com a devida vénia para com o Dragão azul Forte, pelo "trabalho de sapa" na recolha de tão preciosa pesquisa histórica.

    PS:
    Depois daquele "incidente" com o Dragão Vila Pouca deixei de comentar. Mas nunca deixei de visitar um dos meus blogues de eleição. E penso ter aprendido a lição...

    Abraço
    SdF

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  2. @ Sugus

    o teu elogio público ao caríssimo Fernando Moreira é mais do que justo. essa foi a razão principal porque publiquei o teu comentário (a segunda é porque estás bem mais comedido).

    faço votos para que continues com esta postura civilizada, pois só assim permitirei que a tua "voz" se faça "ouvir".
    (não poderia ser mais explícito)

    cumprimentos
    Miguel | Tomo II

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  3. Boas Miguel,

    Realmente como no passado continuamos a ser ostracizados ... e por muito que pense, e ja me deixei disso á muitos anos, só vejo uma razão ... inveja e dor de cotovelo.
    Isto está de uma maneira inacreditavel, se em tempos idos era tudo mais dissimulado agora é mesmo as claras e escarrapachando a sem vergonha que estes fundamentalistas actuam.
    O grande problema é que por vezes os gajos levam a agua ao moinho encarnado como foi o caso do estoril-gate e dos tuneis com o afastamento não só do Porto como tambem do Braga da luta pelo titulo.
    Esse é que é o problema porque os outros ... jornaleiros mesquinhos não leio ou mudo de canal, virem vomitar alarvidades que para alguem com um QI com mais de 50 dão vontade de rir , posso eu bem.

    Um abraço

    http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.pt

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  4. @ Paulo

    exactamente pelo que escreves e pelo que a História demonstra, é que o lema actual do nosso clube do coração é «a vencer desde 1893»! :)

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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