quarta-feira, 13 de julho de 2011

da "coltura"


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pergunta: Como tem visto as mudanças na política cultural em Portugal? Sempre que vem a crise, lá se sacrifica a Cultura...

Miguel Guilherme [MG]: A Cultura tem de deixar de ser tão mariquinhas.
Eu não gosto de choramingões, e há trinta anos que vejo gajos a choramingar e a traírem-se uns aos outros; a andar de punho cerrado e por detrás a lamber o cú ao sr. Ministro ou ao seu Secretário de Estado. Por isso, sabes o que te digo? eu caguei para isso tudo. Podes mesmo escrever: eu caguei para isso, cago para a nossa política cultural.

pergunta: Mesmo que "desapareça" e que deixe de existir um Ministério da Cultura?

MG: Não me interessa! Caguei!
Não vai deixar de existir [um Ministério da Cultura] porque "eles" precisam sempre de fingir que têm Cultura. É tudo tão feio na política cultural... A maneira como os agentes culturais não se unem...

pergunta: Está a falar de subsídios?

MG: Ele há coisas que não deviam ser subsidiadas, pura e simplesmente, ponto!
Estão a tirar o lugar a outros. Os critérios não existem: são os do compadrio, estilo "já que demos a este, agora vamos dar ao outro". Distribuem-se as migalhas, tentando-se distribuir o mal pelas aldeias. Mas há quem tenha direito ao subsídio: o Teatro de Almada, a Cornucópia, o Teatro Aberto... Quanto ao futuro, não sei... Seja como for, não havendo dinheiro, as pessoas têm de continuar a trabalhar.
Acho que pelo menos 1% do Orçamento do Estado deveria ser para a Cultura, porque esta gera riqueza, só que não é no imediato. Mas o poder político ainda não percebeu isso. Por exemplo, a Comedie Française tem 40 milhões de euros por ano... Há quem diga que é demais. Cá temos pouco dinheiro e pouca atenção.
Historicamente o PSD sempre teve muito pouca sensibilidade cultural - o que é curioso porque o Durão Barroso sempre gostou das artes performativas. Vi-o muitas vezes, tal como ao Paulo Portas, em espectáculos. Mas nunca por lá vi gente dita "de esquerda"...

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fonte: ionline.pt

ps: os negritos e sublinhados são da minha responsabilidade.


caríssima(o),

tive conhecimento da entrevista de Miguel Guilherme ao jornal "I" por intermédio do "Avivar", do caríssimo Nelson Machado. e, tal como ele, achei muito curiosa a entrevista ao ex-arquitecto Jorge Tawny dado que um verdadeiro profissional da área exprima o mesmo sentimento que muitos por esse território bravio afora.
efectivamente a Cultura, em Portugal, é uma área profissional negligenciada sobretudo por quem tem por missão divulgá-la - mormente os municípios e indirectamente o Poder Central. e a principal razão é o atavismo perene no comportamento e na visão destes últimos, de quem não tem a capacidade para compreender que as receitas que a Cultura gera não são imediatas, logo para aguardar. é que a Cultura (também) lida com comportamentos e mudanças de atitude por parte dos públicos-alvo, as quais demoram (em média) duas gerações a se consolidar. e como os presidentes de câmara só podem estar no poleiro por dois mandatos consecutivos...

razão tem o Dragão Vila Pouca em afirmar que:
«este país está para os lambe-cús como os grandes lambedores para os que nele têm mais responsabilidades». e mai' nada! ;)

beijinhos e abraços (culturais)!
e Muito Obrigado! pela tua visita :)

sugestão musical: Boy George, «everything i own»

2 comentários:

  1. Apesar de a cultura ser algo fundamental numa sociedade a mim não me escandaliza nada a falta de um ministério. Como já está dito e redito, aquilo só serve para uns lambe-cus se abarbatarem do dinheiro que as cunhas lhes proporcionam para viverem à grande e fazerem de conta que são artistas. Enquanto os verdadeiros artistas, por vezes, passam dificuldades. Alguns chegando ao ponto do suicido
    .


    AVIVAR

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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