seremos mesmo Porto? estaremos mesmo todos unidos?

 

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caríssima(o),

não sei se já to "disse" (penso que ainda não), mas tenho e sinto um orgulho enorme em ser portista!

é um sentimento que, como o deverás saber, não se explica por palavras.

mas, não era directamente sobre este assunto que eu pretendo redigir umas (assim se espera) breves linhas. indirectamente sê-lo-á. explico.

nos meus tempos de rapaz mal comportado, corria o ano de 1996, frequentava assiduamente as bancadas do saudoso Estádio das Antas. era, nessa altura, sócio de bancada. e recordo-me muito bem do local: precisamente no enfiamento da linha divisória do meio-campo, sete filas acima da rede de vedação do rectângulo de jogo. foi efectiva e sem qualquer sombra de dúvida, a minha cadeira de sonho! ocupei-a quatro épocas seguidas (de 1995/1996 a 1997/1998), sendo que, na seguinte, fui sócio cativo! o meu único luxo para com o meu clube do coração!

naquela (já longínqua?) época de 1995/1996, tive a oportunidade de assistir «ao vivo e a cores» a um dos meus melhores jogos de sempre: o FC Porto vs. Vitória SC. 
foi um jogo electrizante, "aberto", com a equipa visitante a não temer o poderio que se reconhece ao FC Porto no seu domínio, pleno de episódios caricatos, com imensas oportunidades de golo para ambas as equipas. o nosso FC Porto abriu as hostilidades, viu o seu lateral direito ser expulso decorridos apenas 30 minutos de jogo, conseguiu empatá-lo a duas bolas ainda na primeira parte, teve duas perdidas escandalosas pelo Quinzinho (isolado e só com o guarda-redes do Vitória pela frente) que muito nos desesperou e claudicou a sete minutos do fim, com um golaço do Zlatko Zahovič (o qual ingressaria no clube na época seguinte).

para lá destas (boas) emoções e pese embora a derrota (a qual digeri "bem", pois saí do estádio com a sensação de ter sido um privilegiado por ter assistido a um excelente jogo de futebol, que compensou - e de que maneira! - o preço do ingresso), também guardo a memória do meu único arrufo com um sócio do meu clube do coração.

até hoje desconheço o seu nome mas sei que se sentava na mesma fila do que eu, três lugares à minha direita. passou toda uma época a mandar vir com o jogo que a equipa (não) praticava - recordo que se tratou da segunda época de Sir Bobby Robson à frente dos destinos do nosso clube (a primeira com pré-época incluída), em que fomos: campeões, melhor ataque (84 golos marcados), melhor defesa (20 golos sofridos), e o Domingos venceu o prémio de melhor marcador do campeonato (25 golos), pelo que estará tudo dito... 

mas, para aquele sr., se vencíamos por quatro golos, poderíamos ter vencido por cinco ou por seis; se dávamos "show de bola", havia sempre um jogador que tinha sido medíocre e que não prestava (normalmente o Edmilson); se perdíamos (o que foi raro) o treinador era um incompetente... enfim... um chorrilho de barbaridades, que fui acumulando até um dia.

e, naquele (para mim) célebre jogo, foi o dia!
ao intervalo, com 2-2 no marcador, o sr. desfiava um sem-número de situações que só ocorreram na sua cabeça, como que a demonstrar a quem o queria ouvir que estávamos a ver um jogo diferente do dele. eu não o queria ouvir (de todo!), mas tinha que o gramar e à sua "cassete" (que já me fustigavam os ouvidos...). até que ele se saiu com esta "pérola", que não mais esqueci: 

«se o Pinto da Costa tivesse mantido o Ivič, nada disto estava a acontecer!»

não me contive: num ápice estava de pé, furibundo (quase colérico) e perguntei-lhe:

«ó amigo, vai renovar o seu lugar para a próxima época?»

foram só estas as palavras que lhe dirigi, as quais foram repetidas mais uma vez pois o sr. não compreendeu o alcance da minha pergunta. eu também não fiz questão de o retirar da Ignorância.

o certo é que, nas épocas seguintes, deixou de ser nosso vizinho - meu e de quem nos rodeava e gostava de assistir aos jogos sossegado da vida.

conto este singelo episódio para ilustrar o meu pesar por, ainda hoje, haver portistas que também assim pensam e para quem o clube do meu coração não lhes consegue exceder (sequer satisfazer) as suas expectativas. esses "portistas" nunca estão (de) bem com o que o clube lhes oferece, pois há sempre um "mas", uma merd@ qualquer que não ficou bem e que precisa de ser revista (normalmente) «com urgência». e mesmo quando vencemos de forma contundente, note-se bem!

portanto, vem este post a propósito do que por aí li, nalguns dos meus blogues de referência, nesse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera"®, e sobretudo nas suas caixas de comentários, mormente algumas opiniões que se enquadram e coadunam na perfeição com o episódio relatado.
é que, para lá de me deixarem triste (e algo resignado, confesso, ao ponto de ter o impulso primeiro de as rebater em comentários posteriores, mas que sei que só irão dar azo a "desavenças" que em nada dignificarão a massa adepta de um clube que nos merece o maior respeito e admiração, pelo que "passo à frente"), põem-me a pensar se não seria melhor para esses "portistas" escreverem em blogues afectos a outras cores que não a azul-e-branca - tal é o fel que se (pres)sente na sua escrita.

relembro que não pretendo entrar em discussões estéreis sobre o portismo de cada um de nós. muito menos pretendo ser arrogante e/ou ofensivo para quem pensa de forma diferente de mim - para além de que não pretendo alterar essa forma de pensar e/ou de criticar.
se há algo por que sempre me baterei é por, no seio do nosso clube do coração, poder haver massa crítica e o direito à plena liberdade de expressão e de podermos afirmar o que nos vai na alma sem receios e/ou pudores e/ou temores de estarmos a ser politicamente (in)correctos.

agora, não me peçam para pactuar com críticas pura e simplesmente destrutivas, sem qualquer pingo de coerência.
é que já não consigo (sequer!) tolerar essa ignomínia de alguns portistas - a qual parece-me ser mais ingratidão do que outra coisa qualquer*.
[ * por respeito aos seus autores, abstenho-me de as reproduzir; mas elas "andem aí", pois ainda estão disponíveis para uma leitura atenta. é só ter um pouco de paciência para as encontrar (e poder de encaixe para as ler, já agora...) ]

como não me canso de o referir:

«

continuo a preferir ajudar a construir do que destruir pelo simples facto de o pretender. 
a primeira tarefa, apesar de ingrata, é a mais difícil. e eu gosto de desafios - mesmo que impossíveis! :D 

»

beijinhos e abraços (sempre muito portistas)!

e Muito Obrigado! pela tua visita :)