terça-feira, 12 de junho de 2012

(chamo-lhe) um Lucho

 

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Encontrou um clube diferente ou idêntico ao que tinha deixado uns anos antes?
Ainda que os jogadores não sejam os mesmos, porque é um clube vendedor. 
Creio que a grande virtude do FC Porto é manter a mística e um estilo de jogo, de treinar e de ganhar, que se incute aos jogadores desde que entram no clube. A estrutura e as pessoas que trabalham são sempre as mesmas. Essa é a chave do êxito de um clube acostumado a vencer. 
E eu voltei e senti que nada havia mudado.

Muito menos a sua relação com os adeptos...
A relação com eles foi sempre muito especial. Têm um carinho muito grande por mim e tinha-lhes prometido que voltaria . Só não imaginava que fosse tão rápido. 
Surpreenderam-me quando cheguei ao aeroporto porque ninguém sabia que eu viajava - só as pessoas do clube sabiam que tínhamos alugado um voo privado. Foi uma surpresa linda, emocionante. Um regresso de sonho, ainda por cima marquei um grande golo na estreia...

Como surgiu a hipótese de voltar ao FC Porto?
Foi tudo muito rápido. Tinha duas propostas para ir jogar para Itália, mas a partir do momento em que o FC Porto manifestou interesse em voltar a ter-me disse ao meu representante que a prioridade era essa e chegámos a acordo porque as duas partes tinham a mesma vontade.
Acordámos tudo muito rápido e disse à minha mulher para fazer as malas porque tínhamos de viajar para Portugal. Só depois voltámos a França para buscar o resto das coisas.

[...]

Lucho já perdeu a conta às tatuagens que tem por todo o corpo, mas ainda não parou de as fazer.
O título nacional conquistado pelo FC Porto não motivou um novo desenho, mas há um em particular que gostava de acrescentar a curto prazo:
« Uma vez, prometi ao Mariano González que, se ganhássemos a Liga dos Campeões, íamos fazer uma tatuagem da "Orejona" [orelhuda, como é conhecido o troféu na Argentina].
Ainda sonho com isso. É um dos objetivos pessoais que gostaria de cumprir. Sei que é difícil porque competimos com clubes que têm um nível económico três ou quatro vezes maior do que o nosso, mas também há surpresas. É por isso que o futebol é lindo. E cada vez que começa a Champions sonho em vencê-la. Sei que é difícil, mas também há surpresas... »

[...]

Tem mais dois anos de contrato com o FC Porto.
Pensa terminar a carreira em Portugal?
Actualmente o único ponto que me faz questionar isso é se volto a jogar na Argentina ou não.
Sei que me vou retirar no FC Porto - não me passa pela cabeça jogar noutro clube europeu. Depois, terei de decidir o que faço na Argentina. Quando volto ao meu país encanta-me ver futebol, sentir a paixão das pessoas e, é óbvio, gostaria de voltar a jogar aqui. Mas ainda tenho dois anos para pensar nisso.

O FC Porto mantém a vontade para que o Lucho fique depois de terminar a carreira?
Sim, a relação que tenho com os dirigentes e com as pessoas do clube sempre foi especial.
Valorizo muito isso e, por sorte, pude cumprir a promessa de voltar a jogar lá. Sabia que em dois, três ou quatro anos, de alguma maneira regressaria. Sinto-me identificado com o FC Porto, gosto muito da cidade e, por isso, existe um carinho mútuo.

[...]

Lucho habituou-se desde sempre a usar o 8 na camisola. É uma espécie de amuleto que o acompanhou ao longo da carreira e que tem numa das inúmeras tatuagens. Foi com esse número que despontou no River Plate e que conquistou o Dragão na primeira passagem pelo FC Porto, voltando a usá-lo em Marselha. Porém, neste regresso a Portugal foi forçado a mudar de número porque o "seu" 8 estava entregue a João Moutinho. El Comandante não fez birra e acabou por aceitar o número 3, mas ainda ponderou vestir o 88 para manter a ligação:
« Cheguei a pensar nisso, mas não gostei assim tanto da ideia. Depois, surgiu a hipótese do 3, que não é o número de um médio, mas que representa muito para o clube: foi o número usado pelo Pedro Emanuel, depois pelo Raul Meireles, que é um amigo, e isso influenciou muito.
Sempre gostei do 8, mas também não é nada assim tão importante. Pelo contrário, é o que menos importa. »

[...]

Qual o companheiro que mais o surpreendeu?
O João Moutinho. Nos quatro anos anteriores foi meu rival e, por isso, já o conhecia. É um excelente jogador e um grande profissional.
E houve dois que evoluíram muito: Fernando e Hulk. O Fernando joga como se tivesse 30 anos, com uma tranquilidade incrível, está sempre na posição certa para recuperar a bola, sabe quando jogar a um toque ou a dois... E o Hulk está imparável em todos os sentidos: mais maduro, mais tranquilo. Aprendeu quando deve fazer uma jogada individual e quando deve passar a um companheiro
Eles foram os que mais me surpreenderam. O João já tinha demonstrado no Sporting a sua qualidade e, por isso, o FC Porto o foi buscar. O Fernando e o Hulk cresceram muito. 

Talvez já não estejam no plantel quando voltarem aos trabalhos...
Já no mercado passado se falava de várias equipas de Itália para o Fernando e o mesmo com o Hulk de Inglaterra. 
Sabemos que o FC Porto tem essa característica: tem bons jogadores, sagra-se campeão e, depois, clubes com maior poder económico procuram os seus jogadores. Há que estar preparado para isso. Assim foi quando saiu o Lisandro, quando eu saí e com o Quaresma... Mas o clube continuou a ganhar títulos.
Essa é a grande virtude do FC Porto: trabalha para que não se sinta as saídas na força da equipa. Se o Fernando e o Hulk saírem é porque o merecem, porque deram muito ao clube e agora querem experimentar outras ligas. Se ficarem, melhor para nós.

»

fonte: fc porto para sempre (ojogo)
ps: os negritos, os itálicos e os sublinhados são da minha responsabilidade.


em suma:
há falta de mais jogadores com este Querer, com esta raça, com este espírito, com este portismo enraizado, no nosso plantel.
faço votos (sinceros) para que essa tendência se altere na próxima época.

ps:
um agradecimento muito especial à Ana Ferreira, do (muito azul) "FC Porto para sempre", por ter disponibilizado à saciedade a entrevista que também resolvi divulgar, por considerar merecedora de ser lida por todo esse "maravilhoso mundo que é a bluegosfera"®.


beijinhos e abraços (muito portistas)!
e Muito Obrigado! pela tua visita :)

3 comentários:

  1. Vou ser muito sincero. Sou benfiquista, mas sempre admirei o Lucho, não só pela sua qualidade, mas também pela sua forma de ser.

    Não perca a entrevista exclusiva de Tengarrinha, jogador do Vitória de Setúbal, formado no SLB e FCP, e que já passou pelo Estrela da Amadora, Olhanense e Santa Clara. Revelações inéditas e afirmações bombásticas !!
    A não perder em http://contra-ataque1.blogspot.pt/2012/06/entrevista-exclusiva-tengarrinha-do.html
    VEJA, COMENTE, E PARTILHE !

    Abraço e continuação de um bom trabalho.
    contra-ataque1.blogspot.com

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  2. Este senhor faz, para mim, parte do onze ideal de todas as equipas do FCP que eu vi jogar. Lembro-me de ter ido à Luz ver o jogo que praticamente nos deu o título nesse ano (golo do Quaresma) e fiquei no terceiro anel. Só posso dizer que é espetacular ver este senhor receber uma bola da defesa, olhar para a equipa e distribuír a bola. A equipa parece encolhida até ele receber a bola e quando ele levanta a cabeça para decidir o jogo, ela alarga, alonga-se, respira e ganha vida. Não esquecendo também que é incapaz de fazer uma falta maldosa, falar mal de adversários, ofender ou provocar o público. Para mim é daqueles jogadores que, quando saír, deveria ter a camisola no topo do estádio para que ninguém se esqueça dele (como na NBA). Tenho dito.

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  3. @ Rui Paiva
    excelente entrevista.
    e obrigado! pelas tuas palavras, as quais retribuo

    @ doctor J
    (pelo menos) somos dois a considerar o mesmo.

    abr@ços a «ambos os dois»!
    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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