terça-feira, 20 de maio de 2014

dessa «gloriosa» jactância nacional...




caríssima(o),

confesso que há momentos em que só me apetece (como que) emigrar, ie, ausentar-me por um período de tempo suficiente até a poeira assentar e tudo regressar "à normalidade". as épocas em que a agremiação de Carnide festeja um título são sobretudo uma dessas alturas, porque todo o absurdo em torno de algo que deveria ser "normal" se torna, no mínimo, insuportavelmente ridículo. 
por exemplo, (in)tentar ver um telejornal é um exercício que me consegue extenuar psicológica e fisicamente - exactamente por esta ordem. primeiro é a abertura, com o destaque ao «feito extraordinário»; a seguir, trinta minutos sobre tudo o que aconteceu antes, durante e depois do «feito extraordinário»; vem o necessário intervalo e a segunda parte recomeça onde acabou a primeira, com mais meia dúzia de declarações avulsas sobre o «feito extraordinário»; recuperam-se mais algumas nuances do «feito extraordinário»; os últimos minutos de tão fastidiosa hora e um quarto são dedicados às actualidades internacional e do desporto internacional - sendo que, nesta última rubrica, aborda-se a visão do e no Estrangeiro, sobre o «feito extraordinário»
esta enumeração de um episódio que se repete em todos os canais de informação, inclusive nos espaços de informação dos que são generalistas,  não é um exagero. também não é qualquer tipo de despeito e/ou inveja e/ou ressentimento, como já o referi aqui. é tão-somente a mais pura Realidade desse me(r)diático "Portugal dos Pequenitos" da esmagadora maioria da abjecta, muito parcial e demasiado facciosa Comunicação Social nacionale sempre com o beneplácito da estação (cada vez menos) pública de televisão - agora sem o prestimoso contributo de hélder conduto...).
até parece que um triplete é algo inédito no desporto nacional português... e, vai daí, um triplete a sério, até é, pois que, neste "rectângulo à beira-mar (im)plantado, só conseguiu ser conquistado por um clube (dito) «regional», logo ausente dos «gloriosos» holofotes das luzes da ribalta tuga... e por quatro vezes. e sempre a cores. e a partir da década de '80 do séc. XX, como se pode conferir:

1987/1988 

Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Supertaça Europeia, Taça Intercontinental [poker]

2002/2003 

Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Taça UEFA

2003/2004 

Supertaça Cândido de Oliveira, Campeonato Nacional, Champions League

2010/2011 

Supertaça Cândido de Oliveira, Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Liga Europa [poker]


mas, tudo bem, tudo bem... «há que levantar a cabeça», não é?... "eles" é que são os "mais, maiores, grandes", os «gloriosos»...
e será sempre sobre "eles" que o pasquim da Travessa da Queimada dedicará exclusivos de dezasseis-páginas-dezasseis (num total de quarenta e oito) sobre a conquista de uma Taça de Portugal.
e será sempre sobre "eles" que, no mesmo pasquim, se poderão ler "pérolas" como "bifanas e minis", de joão pimpim:

«

Muito se fala das diferenças entre o futebol moderno e o do Passado, entre o do «antigamente é que era» e o do «agora é que é»
Há transformações, muitas, na forma de encarar este jogo mágico desde os anos '60 (não é preciso ir mais atrás) até aos dias de hoje: a televisão, os milhões de euros, rublos e petrodólares, os estádios novos, as tácticas e técnicas, o trabalho físico, tudo se alterou nas últimas décadas. 
Mas, se há festa imutável e capaz de nos fazer viajar até tempos mais antigos, essa chama-se Taça de Portugal. O estádio é o mesmo, as matas do Jamor lá estão como sempre, o Domingo começa cedo, com piqueniques em família, leitões e bifanas, garrafões e minis para os adultos, sumos e águas para os miúdos. E, sem ser saudosista, até porque sou um defensor da evolução, sabe bem voltar a estes recantos da memória... É um pouco como viver no reboliço cosmopolita e moderno da cidade, mas não prescindir daquela ida à terra, à aldeia dos nossos avós, imutável, parada no tempo.

Portanto, para os que querem que a Taça deixe de ser erguida no estádio de Oeiras, vão dar uma volta e pregar no deserto... das suas ideias. É aqui que ela tem de ser celebrada. Gozemos o futebol moderno nos restantes 364 dias mas deixemos este como está. Porque já não há festa como esta. E esta está bem assim.

»


há uns tempos, em Maio de 2011, o caríssimo José Correia, no "reflexão portista", colocava o dedo na ferida: «Jamor assumidamente sem condições». para quem (ainda) não o sabe, Jamor é o estádio Municipal de Oeiras. dizem que também será a «casa da Selecção», mas ainda não o é, apesar de todos os milhões do erário público, logo de todas(os) nós, nele investidos. e certamente que nunca será um Estádio de Wembley (mesmo o mais moderno), sequer na sua áurea de palco principal de grandes competições. basta recordar que o mesmo estádio Municipal de Oeiras não cumpre os requisitos mínimos exigidos pelas instâncias internacionais para a realização de encontros de carácter oficial.

em Maio de 2014, o pasquim da Travessa da Queimada, a páginas 18, noticiava, por gonçalo guimarães, em sub-título «confusão à entrada foi ponto negativo, em jornada de festa».
depois de três parágrafos de pura bajulice serôdia e pacóvia, eis que se afirma:

«

[...] todavia, a entrada dos espectadores no palco da festa, para alguns, não foi das mais pacíficas. tudo porque a Praça da Maratona foi pequena para acolher os milhares de adeptos que procuravam entrar no palco da final.
perante a demora na entrada, quem estava à frente começou a ser empurrado, pressionando as barreiras. perante a resistência das forças de segurança, sucederam-se empurrões, instalando-se o pânico e a confusão. pais queixavam-se sobretudo do susto das crianças com todo o tumulto; pessoas mais idosas criticavam a falta de condições para uma festa da família.
perante o sucedido, ao intervalo, a PSP procurou esclarecer a situação: «as pessoas estavam avisadas que deveriam chegar a partir das 14h15m. muitas protelaram as entradas, prosseguindo com as festividades e isso complicou. não nos cansámos de fazer esse aviso, mas parece que não foi suficiente. [...]

»


mas em que País é que estamos?!
entrada para as bancadas «a partir das 14h15m» para um encontro que se iniciaria três horas depois?! indicar três horas ao Sol quando se pode ficar cómoda e saudavelmente à sombra?! e tudo porque «a Praça da Maratona foi pequena para acolher os milhares de adeptos»?!

se calhar sou eu que sou o retrógrado neste tipo de pensamento, mas o meu filho não entrará tão cedo no Estádio Municipal de Oeiras. pelo menos até ser maior de idade, vacinado e poder votar. e por muito "boa gente" que não consiga «prescindir daquela ida à terra, à aldeia dos nossos avós, imutável, parada no tempo». tal e qual como se fosse um nobre e estivesse a fazer um favor à plebe, ao deslocar-se aos arrabaldes da cidade.

post scriptum:


estarei de férias até 26 de Maio de 2014. para recuperar energias para a próxima temporada. 


"disse!"



4 comentários:

  1. Nem mais caro Miguel! Boas férias! Grande abraço!

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  2. Uffa! O amigo hoje descascou...
    E ainda bem que o MST esta 3ªfeira deve ter metido feriado... senão lá vinha falar no Candeias...
    ABRAÇO E BOAS FÉRIAS

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  3. Que imagem esta
    https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc3/t1.0-9/1012566_801571643216501_5396341131772024796_n.jpg
    João Pinto emocionado com o Hexa

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  4. caríssimos,

    muito obrigado! pela vossa visita e pelas vossas gentis palavras!

    no fundamental:
    consegui descansar :D


    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    abr@ços a «ambos os três» :D
    Miguel | Tomo II

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(sendo que, num blogue de 'um portista indefectível', obviamente que esta caixa é destinada preferencialmente a 'portistas dos quatro costados'. e até é certo que o "lápis", quando existe, é azul.)

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